domingo, 21 de setembro de 2014

Fé e Ciência

Os católicos precisam ser mais corajosos para mostrar que a fé e a ciência coexistem, afirma astrônomo papal.

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Os católicos precisam ser mais corajosos para mostrar que a religião e a ciência coexistem diz o astrônomo papal que acaba de receber um dos prêmios mais prestigiados do mundo da ciência.

O jesuíta Guy Consolmagno, que foi homenageado na semana passada com a Medalha Carl Sagan por sua “excepcional comunicação de um ativo cientista planetário”pela American Astronomical Society (AAS), conta que a Igreja não se opõe à ciência e considera o maior equívoco entre dois reinos. Consolmagno é conhecido como “porta voz de uma combinação perfeita entre a ciência planetária e a astronomia de um crente cristão” e uma “pessoa racional que consegue mostrar aos crentes de modo excepcional como a religião e a ciência podem coexistir”.
Renomado escritor e apresentador do programa de rádio da BBC “A brief history of the end of everything” (“Uma breve história sobre o fim de tudo”), Guy Consolmagno é reconhecido ainda pelas numerosas conferências realizadas na América do Norte e Europa, que ajudam a transmitir o entusiasmo pelo método científico a um público mais amplo.
Consolmagno tornou-se jesuíta com quase 40 anos, depois de trabalhar para o Harvard College Observatory, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Peace Corps. Ele credita que sua formação jesuítica lhe permitiu falar sobre a fé mais abertamente. O prêmio será entregue na reunião anual da 46ª Divisão para as Ciências Planetárias em Tucson, no Arizona, em novembro.
O senhor poderia falar um pouco sobre a sua vida, o seu trabalho, e explicar por que foi premiado com a Medalha Carl Sagan?
Consolmagno: Eu sou de Detroit. Eu era um típico garoto baby boom, comecei o jardim de infância quando o Sputnik subiu, assisti o desembarque na lua no meu último ano de colégio. Meu amor pela astronomia vem desde muito cedo, quando fui para a escola jesuíta em Detroit, eu fiz as honras clássicas e escrevi para o jornal da escola. E acabei no MIT com o máximo de interesse em ler (e escrever!) ficção científica como na ciência. No entanto, descobri que fazer ciência era mais fácil do que escrever sobre isso, e então eu fiz um doutorado em astronomia planetária no Arizona e pós-doutorado em Harvard e no MIT. Mas eu continuei me questionando: “Por que ciência, enquanto as pessoas estão morrendo de fome no mundo?” – aqui a educação jesuíta entra forte -. Então parei com a ciência e fui para o Peace Corps. No Quênia as pessoas me mostraram por que estudamos ciência: a curiosidade deles pela astronomia reacendeu meu amor pela ciência; e a ‘fome’ deles para saber mais sobre o universo me fez lembrar que não vivemos só de pão.   Voltei para um emprego de professor, no Lafayette College, na Pensilvânia, e gostei muito, por isso,  decidi entrar para os jesuítas, para ensinar em uma universidade jesuíta. Em vez disso, eles me enviaram para o Observatório do Vaticano em Roma, onde, junto com a minha ciência, eu também faço várias apresentações públicas e trabalhos científicos. Então, meu antigo sonho de ser um escritor voltou depois de tudo.  
De acordo com você, como a Igreja pode mostrar que não se opõe à ciência?
Consolmagno: Não é o que “a Igreja” deve fazer como uma instituição; apoiando-nos no Observatório, a Igreja já está fazendo sua parte. Agora cabe a nós, católicos, que somos também cientistas, fazer a nossa parte. Para começar, temos de ser corajosos o suficiente para falar em nossas paróquias e em outros ambientes católicos, de dizer aos nossos irmãos católicos (e cristãos) sobre como a ciência ou a engenharia nos aproxima do Criador. Eu descobri que não são os cientistas que precisam ouvir sobre religião. Na verdade, a maioria dos cientistas está muito familiarizada com a religião e a proporção de cientistas religiosos praticamente coincide com a proporção de pessoas religiosas na comunidade onde vivem. Mas muitas pessoas religiosas só vêem “cientistas de TV”, que são uma representação da ciência como os “pregadores de TV” são para as pessoas religiosas.

Você pode falar sobre como a religião e a ciência podem coexistir?
Consolmagno: O que nos faz, como seres humanos, diferente dos macacos meramente inteligentes? A nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos, o nosso ambiente, o nosso universo, e tomar decisões livres para amar e querer isso ou aquilo. Intelecto e livre arbítrio são atividades da alma; a ciência é o reino onde se manifestam. E por que nós, como cientistas, estudamos ciência? Se é por  fama e glória, ou por dinheiro e poder, então, estamos reduzindo nós mesmos. Mas, se é pelo simples prazer que sentimos quando vemos algo novo e belo no universo, a alegria da descoberta, o sentimento de admiração … então eu afirmo que é o tipo de alegria que nos surpreende na presença de Deus. Deus se manifesta nas coisas que Ele criou: não sou eu que estou falando, mas é uma citação de São Paulo. (Carta aos Romanos)

Você incentivou cientistas católicos a não hesitar em compartilhar o amor pela ciência com suas comunidades. O que exatamente você quer dizer com isso? Você poderia explicar dando um exemplo concreto?
Consolmagno: A paróquia é um ótimo lugar para começar. Um cientista ou um engenheiro poderia trabalhar com programas para jovens ou clubes como os Cavaleiros de Colombo, ensinando astronomia, criando um telescópio no estacionamento da igreja; ou um clube de robô, falando sobre as implicações da inteligência artificial. A paróquia é uma oportunidade para ensinar; os cientistas devem aprender a compartilhar sua paixão e alegria. Até mesmo uma pequena nota sobre a flora e fauna local no boletim paroquial pode lembrar às pessoas que existem cientistas em sua paróquia.

A sua educação jesuíta ajudou você a se sentir confortável para discutir publicamente sobre a fé. Certo? Houve certos momentos que você se sentiu desconfortável para fazer isso?
Consolmagno: Eu sempre tive orgulho de minha educação jesuíta. Além do mais, acho que a reputação de jesuíta (que como a maioria das reputações é exagerado!) abriu muitas portas para mim entre os meus colegas cientistas. Nós somos conhecidos por sermos crentes que não têm medo do mundo; abraçamos o universo, porque encontramos Deus em todas as coisas.

Qual é o maior equívoco que contribui para a noção de que a ciência e a religião não podem coexistir? E isso pode ser esclarecido de alguma forma?
Consolmagno: A “eterna guerra entre ciência e religião” tornou-se um daqueles “todo mundo sabe” factoide – como “Cristóvão Colombo provou que o mundo era redondo” – e nós aprendemos quase por osmose quando crianças, mas que é obviamente falso. Acho que a única maneira de combater isso é dar muitos exemplos de cientistas de verdade, para que as pessoas encontrem por si mesmas, ‘na carne’, argumentos que contradigam a visão eternamente falsa do mundo que nós encontramos na TV e na Internet.  

Por Deborah Castellano Lubov

sábado, 23 de agosto de 2014

Evolução ou criação?

 A ciência natural e a teologia NÃO são campos de conhecimento concorrentes; são, antes, formas distintas e complementares de investigação.

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“Será que o novo papa acredita na evolução?”, perguntou um artigo publicado logo após a eleição do papa Francisco pelo Colégio Cardinalício. A resposta, que pretendia causar surpresa, foi “sim”. E o autor ainda assegurou: “Os católicos, em grande parte, não enxergam o xis da questão”.
Por quê? Porque a Igreja reconhece a existência de um processo evolutivo (Santo Agostinho o sugeriu já no século V d.C.), mas também insiste em afirmar que “o envolvimento de Deus” nesse processo deve ser reconhecidoO darwinismo, por sua vez, afirma que a evolução acontece através da sobrevivência de variações genéticas aleatórias, sem a orientação de nenhum propósito ou desígnio superior. Os comentaristas populares concluem, portanto, que a Igreja Católica não enxerga o xis da questão no tocante à biologia moderna e que a evolução e a criação não podem ser compatíveis.
O ateu e o fundamentalista concordam no seguinte erro de interpretação: o cristão escolhe a crença em detrimento da biologia. É o que Nietzsche chamou de “julgamento realmente cristão da ciência”, ou seja, uma “posição secundária, nada definitiva”. Para o ateu, isto é motivo de repúdio ao cristianismo; para o fundamentalista, é motivo para repudiar a biologia moderna.
Mas é aqui que, em grande parte, os comentaristas populares, e não os católicos, não enxergam o xis da questão: a teologia católica nunca concordou com esse tal “julgamento cristão”!
Os argumentos favoráveis ao desígnio inteligente, populares em especial nos círculos protestantes, assumem que os argumentos teológicos só podem valer quando os biológicos falham, e que a aparência de que existe um propósito na natureza só pode ser explicada pela invocação de um Criador divino, não por um mecanismo científico.
Acontece que, da perspectiva católica, esta é uma falsa dicotomia. O problema não é que Darwin tenha se livrado do conceito de desígnio na natureza: o problema é que as pessoas começaram a acreditar que o desígnio vai ou racha com a ciência natural.
A suposição de que a evolução biológica não tem nenhum propósito ou desígnio não entra em conflito com a teologia, porque é uma resposta a uma questão científica, não teológica. Como Tomás de Aquino enfatizou, muito antes da Revolução Científica, a ciência natural e a teologia não são corpos de conhecimento concorrentes; são, antes, formas distintas e complementares de investigação.
“Por que existe a cadeira?”. Segundo Aristóteles, esta pergunta pode ser interpretada de quatro maneiras diferentes, equivalendo a “Quem fez a cadeira?”; “Para quê?”; “Qual é a natureza dela?” e “De que ela é feita?”.
Cada forma de fazer a pergunta corresponde a uma diferente causa. A palavra “causa”, em grego antigo (aitia), também significa “razão”: a razão pela qual. Confundi-las leva ao absurdo: quando alguém pergunta “Quem fez a cadeira?”, é inapropriado responder “Para sentar-se!”. Cada pergunta pede o seu próprio tipo de resposta. Uma explicação completa, pensava Aristóteles, envolve as quatro perguntas e as suas respectivas respostas.
Que as quatro causas originais possam ser mantidas no âmbito da ciência moderna é coisa controversa. O que Aristóteles chamou de “causa formal”, que corresponde à natureza metafísica de uma coisa, foi atacado no início do período moderno pelos escritos de filósofos como Locke e Hume. Eles achavam que a ciência moderna pode explicar de que uma coisa é feita e quais são as suas leis de governo sem precisar falar muito sobre naturezas metafísicas.
Tenham as causas formais sido banidas ou não da ciência, o que Aristóteles chamou de “causas finais” (“para quê?”) é uma questão muito mais duradoura, pelo menos no campo da biologia.
Galileu, Newton e outros cientistas tinham dispensado o “para quê?” nas questões da física. A ciência moderna parecia capaz de explicar o mundo físico em termos puramente “mecanicistas”, sem recorrer a noções não-científicas como “desígnio” ou “propósito”. Mas muitos resistiram à intrusão da ciência moderna em território biológico.
A razão é que as causas mecanicistas pareceram incapazes de explicar o propósito ou a finalidade (o desígnio) observável ​​na natureza biológica. Os “vitalistas” alegaram que isto se deveu ao fato de a vida ser algo metafisicamente único; mesmo Kant, que não defendia os argumentos tradicionais a respeito de Deus, sugeriu que a natureza biológica indica o desígnio de uma espécie de Criador.
Darwin provou que a ciência moderna pode explicar o desígnio mostrando que ele é ilusório: a complexidade que parece ser marca de um Criador é o resultado final de variações aleatórias durante um longo período de tempo. Assim, banidas da física, as “causas finais” que tinham se refugiado na biologia foram expulsas de lá também.
Mas banir as “causas finais” da ciência não é bani-las de toda forma de explicação. Elas podem continuar a prosperar no domínio metafísico, como de fato continuam.
Darwin só mostrou que a biologia, como oposta, por exemplo, à metafísica, à teologia ou à ética, deve dispensar as “causas finais” como a física fez nos tempos de Newton. Isto só libera os biólogos da necessidade de responder a perguntas sobre o finalismo, deixando-nos livres para ainda lidar com elas se assim quisermos.
O problema não é Darwin, mas a noção moderna de que a teologia só pode discutir o que a ciência não consegue explicar. Porque a ciência não conseguiu explicar a ordem biológica em certo período, as pessoas começaram a acreditar que a ordem biológica estava a salvo do avanço científico. Mas se você professa a sua religião a partir das lacunas do conhecimento científico, você inevitavelmente será esmagado quando essas lacunas se fecharem.
É melhor seguir Tomás de Aquino, que fez uma distinção de natureza entre questões teológicas e natural-científicas.
Tanto a teologia quanto a biologia moderna perguntam: “Por que há seres humanos?”. Mas elas entendem a questão de forma diferente. Para a biologia moderna, a pergunta significa: “Quais são as partes constituintes dos seres humanos?”, “Como e quando os seres humanos entraram em cena?”. E as respostas para essas perguntas (“células e genes” ou “variações genéticas aleatórias ao longo do tempo”) são o que Tomás de Aquino chamou de causas “secundárias”. São explicações mundanas de coisas na natureza, que podem invocar leis probabilísticas, seleção natural ou o que a teoria científica mais recente sugerir de melhor.
Mas a teologia pergunta por aquilo que Tomás de Aquino chama de causas “primárias”: “Qual é a fonte extramundana do ser?”, “Qual é o significado e o desígnio da criação?”. Nem os registros fósseis, nem a seleção natural respondem a tais questões. E não porque sejam ferramentas defeituosas, mas porque não são as ferramentas adequadas para esta tarefa. Confundir questões teológicas e científicas é cometer um erro de categoria.
O conceito teológico de criação não é um conceito científico. O Deus da teologia católica não é, como Agostinho enfatizou, a ignição da existência, mas a sua causa em sentido não-temporal e metafísico. Deus dá origem e sustenta a existência, inundando-a de sentido: tenha o homem vindo ou não do peixe, do macaco ou poeira das estrelas, e sejam ou não probabilísticas as leis que regem essa evolução.
São os ideólogos contemporâneos do cientificismo os que “não enxergam o xis da questão” no tocante à evolução. A evolução não refuta Deus, assim como o electromagnetismo não refuta a consciência moral. E o papa Francisco não é o primeiro a reconhecer isso.
Fonte: Aleteia

segunda-feira, 2 de junho de 2014

“CSI: Jesus de Nazaré”

A crucificação vista por um legista.

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O legista José Cabreras descreveu as lesões sofridas por Jesus de Nazaré desde o momento de sua prisão até sua morte na cruz, analisando a documentação da época e as imagens do Santo Sudário, e recolheu suas conclusões no livro “CSI: Jesus de Nazaré. O crime mais injusto”.
Cabreras assegurou que escolheu para seu livro, publicado pela Neverland Edições, esse título chamativo, que inclusive é o nome de uma famosa série de TV americana, “para que o público se aproxime da descoberta da figura de Jesus” e saiba como foi sua morte desde um triplo enfoque: legista, criminológico e judicial. Em inglês a sigla CSI significa “Crime Scene Investigation”, em português: Investigação da cena do crime, na qual os personagens são legistas e agentes da lei que conduzem suas investigações segundo os rastros deixados nos lugares do crime e nas evidências nos corpos das vítimas.
Mesmo sem um cadáver pode-se realizar efetuar uma “análise legista retrospectiva” baseada em testemunhos e na documentação da época, como os Evangelhos e outros textos apócrifos, e nas imagens do Santo Sudário, cujo valor “ninguém jamais desmentiu”, disse o legista.
A documentação histórica romana estabelece que desde a prisão até a morte de Jesus na cruz transcorreram 24 horas, e que, uma vez crucificado, sobreviveu duas horas, quando alguns crucificados duravam inclusive vários dias, sinal, segundo Cabreras, da intensidade das torturas prévias às que foi sujeito.
Um capacete repleto de espinhos
As punções em todo o couro cabeludo assinalam que não foi uma coroa mas uma espécie de capacete denso de espinhos que Jesus levou na cabeça, espinheiros que, segundo Cabreras, os legionários romanos não tiveram trabalho para procurar, porque eram os mesmos utilizados para acender o fogo e que haviam em abundância na região.
O manto, guardado na cidade de Turim, Itália, evidencia que o nariz de Cristo tinha fraturado por um golpe e o ombro direito esfolado pelo peso do patibulum, a parte horizontal da cruz, cujo peso era entre 40 e 50 quilogramas, pois os crucificados não transportavam toda a cruz, a parte maior, vertical, permanecia cravada no chão, à espera do crucificado.
Segundo os estudos, a flagelação foi realizada ao estilo romano, com um flagelum, um látego que partia de um pedaço de madeira e cujas caudas terminavam em bolas de chumbo.
300 marcas de flagelo
A lei proibia golpear com este látego a cabeça ou outros órgãos vitais para provocar sofrimento, mas não a morte, de modo que Jesus, que recebeu cerca de 300 impactos dessas bolas de chumbo –o triplo do que era permitido na lei judia–, já tinha várias costelas fraturadas quando tomou o ‘patibulum’ sobre os ombros e subiu o calvário.
Ambos os joelhos foram esfolados até a rótula pelo efeito das quedas e o peso do lenho da cruz.
Os pregos atravessaram os pulsos de Cristo passando entre os ossos, enquanto que para os pés, postos um sobre o outro, usou-se um único prego que entrou pelas impigens, local onde o pé é mais largo.

Segundo Cabreras, habitualmente se atava os crucificados e os pregos, por serem muito caros, reservavam-se para “ocasiões especiais”.
O centurião da guarnição romana, antes de abandonar o lugar do sacrifício, tinha a missão de assegurar-se de que o crucificado estava morto para garantir que ninguém o tirava da cruz com vida. Por isso, no caso de Jesus a lança atravessou o coração de baixo para cima e da direita à esquerda.
As Sagradas Escrituras narram que brotou água e sangue desta ferida e a ciência corrobora o fato.  “A água era o soro que costuma rodear o coração quando a agonia se prolonga durante horas”, explicou Cabreras.

Descumprimento nas leis
O legista realiza ainda uma análise criminológica dos elementos que acompanharam as torturas e outro judicial de “saltos” que se deram no processo entre as duas leis vigentes na Palestina, a romana e a judia, com o propósito de prejudicar o réu.
“Pilatos, ao final, não teve nenhum elemento objetivo para condenar Jesus, e o condena por razões políticas”, concluiu.
Cabreras recordou que foi no século XX, ao Papa Pio XII, que o cirurgião, Pierre Barbet, descreveu as lesões e os sofrimentos de Cristo desde o ponto de vista científico, e assegurou que o Papa chorou ao admitir: “Nós não sabíamos, ninguém jamais nos relatou (a Paixão) desta maneira”.
Fonte: 
www.comshalom.org/

“TEORIA” da evolução?

* O que a Igreja Católica pensa da “TEORIA” da evolução?

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A Igreja não é contra a teoria da evolução, desde que seja entendido que esta evolução foi querida por Deus, programada e executada por Ele. A Igreja também não abre mão de que a alma humana, imortal e racional, é criada diretamente por Deus e colocada na pessoa no instante da sua concepção, quando o óvulo feminino é fecundado pelo sêmen masculino.
Dentro dessa ótica, a Igreja aceita a teoria do início do mundo a partir do Big Bang, a grande explosão que teria dado inicio ao universo hoje conhecido. Mas o que é o Big Bang?
No início do século os astrônomos começaram a mapear o Universo, e descobriram que as galáxias pareciam estar se afastando da Terra com velocidades cada vez maiores, de modo que quanto mais longe estivessem tanto maior era a sua “velocidade de fuga”. Era como se os grupos de galáxias fossem partes de uma explosão acontecida a bilhões de anos. Daí nasceu a teoria do Big-Bang (grande explosão), segundo a qual o Universo começou a partir dos fragmentos desta gigantesca explosão.
A partir das velocidades relativas, observadas nas galáxias mais distantes, a época da explosão foi calculada em aproximadamente 15 bilhões de anos. Uma matéria ultra-comprimida teria explodido numa nuvem de energia e partículas elementares, aquecidas a uma temperatura inimaginável de bilhões de graus Celcius. Dentro desta esfera havia apenas fótons e nêutrons comprimidos de modo tal que um litro dessa matéria pesaria bilhões de toneladas e tinha a temperatura de 1015 (= 1 seguido de 15 zeros) graus C. Essa esfera teria explodido, jogando no vazio a matéria com a velocidade da luz.
Apenas um centésimo de segundo após essa grande explosão, a temperatura descera a 300 bilhões de graus C; os fótons e os nêutrons se condensaram em elétrons e núcleos, dando origem a uma massa de hidrogênio incandescente, que aos poucos foi se condensando em galáxias de estrelas. No interior das estrelas, a cerca de 20 milhões de graus, esse hidrogênio foi se transformando em hélio, num processo de combustão que liberava enormes quantidades de energia. Em seguida, num complexo processo de evolução química, esse hélio se converteu em outros elementos (oxigênio, carbono, nitrogênio, ferro…), que se encontram nas estrelas.
Alguns bilhões de anos após a explosão inicial, originaram-se as estrelas, os planetas, os asteróides e os satélites que constituem o nosso sistema solar e o universo inteiro. Sabe-se hoje que o espaço é perpassado por um campo de radiações, que têm a temperatura de 2,7 graus absolutos (270 graus centígrados abaixo de zero). Essas radiações são o resíduo da radiação muito mais intensa e quente que devia perpassar o universo nas suas fases iniciais de existência. Por efeito do processo de expansão devido ao big-bang inicial, a radiação eletro-magnética originária teve que diminuir a sua temperatura até chegar hoje, 15 bilhões de anos depois, a uma temperatura próxima do zero absoluto.
A presença dessa radiação, que perpassa o universo e que é prevista pela teoria do big-bang, poderia ser a prova mais convincente desta teoria, que ainda não é aceita por todos os astrônomos e físicos. Um pequeno grupo acredita que o Universo é eterno, isto é, não teve começo e nem terá fim. É a teoria do estado constante. A fé não aceita esta teoria, pois a eternidade do Universo faria dele um Absoluto, um Deus. Só Deus é eterno; só Deus não teve começo e não terá fim. O eterno é perfeito; não evolui, como o Universo evolui, teve início e terá fim.
Para os físicos modernos, a melhor explicação da origem do universo está na teoria do Big Bang, que tem sido estudada exaustivamente; e a Igreja não a desaprova, desde que se considere o que foi dito acima.
Prof. Felipe Aquino

terça-feira, 20 de maio de 2014

O matemático de Deus

* Você conhece Carl Gauss, o matemático de Deus?

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“Pouca ciência afasta de Deus, mas muita ciência reconduz a Ele”, disseram pensadores do calibre de Bacon, Boyle e Pasteur.
 
Um artigo do jornal italiano Il Foglio ( 17 de Março) nos ajuda a conhecer a vida religiosa de Carl Friedrich Gauss, matemático de primeira grandeza que estudou e ensinou naquele vivo foco de pensamento científico que foi a Universidade de Göttingen, na Alemanha.

O genial matemático, que, para muitos, é o maior da modernidade, entre os séculos XVIII e XIX, tinha uma clara convicção de que “existe neste mundo uma alegria da mente que encontra satisfação na ciência e uma alegria do coração que se expressa principalmente nos esforços do homem para iluminar as preocupações e os pesares um do outro.Mas se o plano do Ser Supremo é criar seres em planetas diversos e conceder-lhes desfrutar de 80 ou 90 anos de existência, esse plano seria bastante cruel. Se a alma vive 80 anos ou 80 milhões de anos e um certo dia tem que perecer, esta vida é então um puro adiamento do patíbulo. Não contaria nada. Somos levados, por isso, à conclusão de que, para além deste mundo material, existe outro, puramente espiritual …” .
Seu amigo, colega e biógrafo Wolfgang Sartorius von Waltershausen nos conta: “Esta convicção divina foi alimento e bebida para o espírito dele até aquela meia-noite silenciosa em que os seus olhos se fecharam”.
 
Sabemos que Gauss via na matemática uma ferramenta para ler o plano divino da criação, mas ele também sabia quais eram os limites do conhecimento humano. Sartorius relata que, em certa ocasião, ouviu-o dizer: “Para mim, dá na mesma se Saturno tem cinco ou sete luas. Existe alguma coisa mais elevada no mundo”.

Outro biógrafo, Dunnigton, recorda mais uma frase de Gauss: “Há perguntas cujas respostas, para mim, têm um valor infinitamente maior do que a matemática; por exemplo, as perguntas relativas à ética, ou à nossa relação com Deus, o nosso destino e o nosso futuro. Mas a solução delas permanece inatingível, acima de nós, fora da área de competência da ciência”.
 
Em busca da resposta, todas as noites, Gauss lia o Evangelho, testemunhando que a fé e a ciência não apenas concordam, mas se apoiam mutuamente.

Fonte: Aleteia

FÉ E CIÊNCIA - 3


* Seria a criação do universo obra “do nada”?


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O mundo da Astronomia e da astrofísica foi abalado no mês passado (março de 2014) com o fantástico anúncio de que cientistas americanos (John kovac e sua equipe) detectaram a  confirmação da expansão violenta do Universo (chamada de Big Bang). Esta expansão ou “inflação cósmica” foi um processo que aconteceu no primeiro trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de segundo (1: 1.10-36) após o nascimento do cosmos.
Os astrônomos detectaram marcas deixas pelas “ondas gravitacionais” na “radiação cósmica de fundo” (um campo eletromagnético) – ambas geradas pela inflação cósmica – , o que comprova o Big Bang, previsto a primeira vez pelo Padre católico e astrofísico, jesuíta, belga, George Lamaitre.
A inflação cósmica gerou duas perturbações: as ondas gravitacionais e as ondas de densidade que criaram áreas com temperaturas diferentes na radiação de fundo.
O que existia antes do Big Bang? Um ponto com energia e massa infinitas que os astrônomos chamam de “singularidade”. Para eles, as leis da natureza, incluindo a do tempo, ainda não haviam sido criadas. Esta inflação cósmica, abrupta, se deu a partir de um ponto com raio de um bilionésimo (1:10-9) de um próton. Até 3 minutos, os prótons e neutros se fundiram e criaram os primeiros núcleos atômicos. Neste período foram definidas as Leis Naturais, que vão comandar todo o processo até o fim dos tempos. Esses núcleos atômicos atraíram os elétrons livres e assim foram criados os átomos.  A radiação cósmica de fundo  e os fótons passaram a emitir luz. É o que o livro do Gênesis narra: “Deus disse: faça-se a luz (“fiat lux”). E a luz foi feita”.
Em seguida a gravidade condensou nuvens de poeira e gás, criando as estrelas. Tudo isso se deu a 13,8 bilhões de anos. Há 4,6 bilhões de anos surgiu o nosso Sistema Solar. Há 27 000 anos a terra já existia mas estava coberta de gelo; pois passava por um período glacial severo.  Quem fez tudo isso?
É claro que só Deus poderia ter gerado tudo isso.
  • Agora (09/04/2014), três físicos da Academia Chinesa de Ciências, Dongshan He, Dongfeng Gao e Qing-yu Cai, num artigo recém-publicado na rigorosa revista científica “Physical Review D”, disseram que o cosmos inteiro, tudo que existe, “teria nascido do nada”. Eles afirmaram: “Neste trabalho, nós apresentamos esta prova, baseados nas soluções analíticas da equação de Wheeler-DeWitt”. O título do trabalho é “Criação espontânea do Universo a partir do nada”. “http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/04/09/universo-veio-do-nada-dizem-fisicos/
Esse “espontânea”, certamente foi colocado com o objetivo de retirar a ação Deus na obra da criação do universo. Mas a Igreja sempre afirmou que para tirar algo do nada é preciso “um poder infinito” que só Deus onipotente, tem. Então, mesmo sem querer, os físicos chineses estão comprovando o que a Igreja afirma no Catecismo, quando diz que:
            “Cremos que Deus não precisa de nada preexistente nem de nenhuma ajuda para criar. A criação também não é uma emanação necessária da substância divina. Deus cria livremente “do nada” (§296).
            São Teófilo de Antioquia já perguntava:
“Que haveria de extraordinário se Deus tivesse tirado o mundo de uma matéria preexistente? Um artífice humano, quando se lhe dá um material, faz dele tudo o que quiser. Ao passo que o poder de Deus se mostra precisamente quando parte do nada para fazer tudo o que quer”. (Ad Autolicum II, 4: PG 6, 1052s).
A mãe dos sete filhos macabeus, martirizados por Antíoco Epífanes,  ao encorajá-los  ao martírio, lhes diz: “Foi o Criador do mundo que formou o homem em seu nascimento e deu origem a todas as coisas… Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma (2Mc 7,22-23.28).
            A Carta aos hebreus diz que: “Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram formados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas” (Hb 11,3).
“No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1).
O verbo “criar” – em hebraico, ”bara” sempre tem como sujeito Deus, e se refere a “tirar algo do nada”.
            O Novo Testamento revela que Deus criou tudo por meio do Verbo Eterno, seu Filho bem-amado. Nele “foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra… tudo foi criado por Ele e para Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste” (Cl 1,16-17). “No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus… Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,1-3).
“O mundo foi criado para a glória de Deus” (§293). “Tudo o que criastes proclama o vosso louvor”, “o céu e a terra proclamam a vossa glória”, reza a Liturgia. São Tomás de Aquino diz que: “Aberta a mão pela chave do amor, as criaturas surgiram”. (§293)
A Igreja ensina que a meta de toda a criação é o homem: Fazer de nós “filhos adotivos por Jesus Cristo: conforme o beneplácito de sua vontade para louvor à glória da sua graça” (Ef 1,5-6): “Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus”, dizia Santo Irineu de Lião. A criação está dirigida ao homem, imagem de Deus” (§299).
            A Igreja ensina que “O mundo não é o produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade (§295).
 ”Pois tu criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e foram criadas” (Ap 4,11). “Quão numerosas são as tuas obras, Senhor, e todas fizeste com sabedoria!” (Sl 104,24). “O Senhor é bom para todos, compassivo com todas as suas obras” (Sl 145,9).
Que beleza e que alegria! Mais uma vez a ciência vem mostrar que “Deus criou tudo do nada”, com amor, sabedoria, poder e bondade: “Tu dispuseste tudo com medida, número e peso” (Sb 11,20).
***
Autor: Prof. Dr. Felipe Aquino 
Fonte: www.comshalom.org

segunda-feira, 24 de março de 2014

Fé e Ciência buscam a VERDADE...



...por caminhos diferentes.

O diálogo entre ciência e  é possível? Elas se complementam? Existem pontos de encontro e desencontro? O sacerdote Luis Gahona Fraga fala sobre este tema no programa “Últimas Perguntas”, de RTVE: “É difícil colocar a física e a  em relação, porque elas tratam de objetos diferentes – explica. Ambas buscam a verdade, mas por caminhos diversos”.


Durante a entrevista, Fraga explicou como as ciências experimentais (nascidas nos séculos XVI e XVII) “têm uma maneira de estudar o mundo de forma especial, que consiste em combinar a experimentação com teorias racionais e matemáticas”; esta combinação, afirma, “funciona muito bem, mas não se pode conhecer Deus assim”.

Conhecemos Deus por meio da filosofia e da , da Revelação”, explica o sacerdote, que defende que o aspecto racionalizável desta crença, o que propicia “o ponto de união entre  e ciência.
Dentro desta racionabilidade, Fraga explica os pressupostos da inteligibilidade da natureza, questões que o cientista busca entender: de onde vem esta inteligibilidade? Por que podemos encontrar leis no mundo físico?
Para Fraga, “é aí que o cientista se faz a pergunta sobre Deus, e Deus não pode ser demonstrado com as ciências experimentais, mas sim com outra fonte de conhecimento, que é a filosofia”.
Segundo esta união de perguntas, a ciência descobriria características deste mundo que remetem a Deus, e mostra que cada ser tem um índice metafísico que é como uma digital que nos fala de Deus.
“Esta digital é descoberta pela ciência; que ela venha de Deus já é fruto de um raciocínio que vai além do método científico”, comenta o sacerdote, que é professor do Instituto Teológico San Ildefonso de Toledo (Espanha) e físico pela Universidade de Harvard.
Entraríamos então no que Fraga chama de “inteligência inconsciente”. “Chama a atenção que o universo esteja tão bem feito com elementos tão simples, que leva os cientistas a se perguntarem se não haveria uma inteligência inconsciente que explique o que a ciência descobre neste mundo material”, afirma.
Fraga destaca que o universo não é só matéria. Superando os preconceitos de uma mentalidade herdada do materialismo do século XIX, o professor de teologia mostra que “a cosmovisão do mundo atual favorece objetivamente o diálogo com a “; e afirma que há temas que vão além da ciência: “o tema da criação, a essência das coisas, a dignidade do ser humano, a alma espiritual, a liberdade”.
“A Igreja está aberta ao diálogo com o mundo das ciências – explica – porque é próprio da  cristã buscar uma racionalidade na “; e defende o ponto de união entre  e ciência dentro da filosofia, que “chega a uma visão de mundo baseada em dados da ciência, mas que ao mesmo tempo é compatível com a existência do Criador”.
Na união entre  e ciência, há tanto pressupostos intelectuais como éticos, e Fraga defende sua existência.
“O cientista tem um impressionante anseio por saber, mas há certos limites, que ele não deve ultrapassar. Seu limite é a dignidade humana”, alerta.
“O segredo está em distinguir que o ser humano tem uma dignidade e que esta dignidade é um limite absoluto. Do contrário, caímos em erros do passado, e a ciência pode levar aos maiores pesadelos da humanidade”, concluiu.
Fonte: www.comshalom.org