domingo, 3 de novembro de 2013

Fé e Ciência - 01

* A Bíblia e a ciência: A Igreja Católica não defende a interpretação literal de toda a Bíblia, como alguns pensam.

topic
O falso conflito entre ciência e fé foi incentivado recentemente, como sabemos, pelo chamado “novo ateísmo”. O argumento de que, nos Estados Unidos, os cristãos tentaram fazer do criacionismo uma teoria científica equiparável ao evolucionismo, e que seria ensinado nas escolas, serviu de pretexto aos negacionistas (ateus beligerantes) para apontar os cristãos como ignorantes, intransigentes e incompatíveis com o conhecimento que temos hoje graças à ciência.
 
A chave do conflito parece encontrar-se na aparente contradição entre o texto bíblico (em particular, o Antigo Testamento) e o estado atual das ciências. Se interpretarmos literalmente o texto sagrado, sem dúvida alguma haverá uma distância intransponível entre o que ele nos diz e o que sabemos pela ciência.
 
No entanto, qualquer católico com alguma formação doutrinal sabe que a Bíblia não pode ser interpretada no sentido literal. O literalismo bíblico é alheio ao catolicismo; é consequência da reforma protestante do século XVI. Não é de se estranhar, então, que tanto os criacionistas como os impulsores do novo ateísmo sejam anglófonos, pertencentes ao âmbito cultural protestante.
 
A nós, católicos, o conflito ciência-fé (que, na realidade, é uma batalha criacionismo-ateísmo) chega como rebote, ainda que a preponderância bibliográfica e audiovisual norte-americana e a confusão entre criacionistas e “todos os cristãos” tenha nos colocado em uma guerra que, na verdade, não tem a ver conosco.
 
Ainda existem aqueles que pensam (levados pela ignorância, como Dawkins, Dennet ou Harris) que a visão católica em relação aos textos bíblicos é uma impostura. Que, na realidade, os católicos são mais habilidosos que certos protestantes e que reagimos a tempo, com tal de que o fogo não incendiasse toda a casa. Dessa maneira, acreditam que o catolicismo deixou de ser literalista com a Bíblia quando – e só a partir disso – se demonstrou pela ciência que a leitura literal é insustentável.
 
Mas a leitura literal dos textos bíblicos nunca pertenceu ao catolicismo. Não é que há 100 ou 200 anos os católicos começaram a buscar formas de sustentar sua fé e torná-la compatível com os conhecimentos que as ciências iam proporcionando. Não. Desde o começo, a Igreja nos ensina que a Bíblia tem especialmente um significado alegórico, que deve ser interpretado: Deus fala ao ser humano, mas ao ser humano de todas as épocas.
 
Orígenes (século III) chegou a dizer que era imbecilidade, por exemplo, acreditar que, quando o Gênesis diz que Deus criou o mundo em seis “dias”, deveríamos interpretar esta palavra segundo seu uso habitual (ou seja, um lapso de tempo composto por 24 horas). Orígenes [1], Ambrósio de Milão [2], Basílio o Grande [3], Agostinho de Hipona [4], Bom-Aventura, Tomás de Aquino [5] são notáveis exemplos do que estamos dizendo. Por outro lado, os católicos dispõem, desde Jerônimo, uma longa tradição de trabalho exegético.
 
Isso tampouco significa que a Bíblia não contenha, logicamente, passagens de veracidade histórica. a Arqueologia progrediu muito neste sentido, corroborando em muitas delas. E inclusive milagres, como o da divisão das águas, narrada no Êxodo, encontram apoio científico hoje. Basta ler os trabalho de Humphreys, da Universidade de Cambridge, ou do pesquisador atmosférico Carl Drews sobre o “golpe de vento” e a “onda perfuradora” para comprovar sua facticidade física (mantendo, portanto, o milagre na sincronização: é algo possível fisicamente, mas o extraordinário, milagroso, seria que houvesse ocorrido justamente quando era necessário).
 
A manipulação obsessiva e obscena do caso Galileu e da instituição da Inquisição por parte dos negacionistas quis fazer esquecer essa tradição inerente ao ser católico, com a intenção de deslegitimar nossas crenças e suscitar um conflito ciência-fé que, de forma alguma, é o abordado por este reduto de intelectuais ateus. Talvez tenham conseguido entre o grande público, com escassa formação doutrinal, impor a imagem derivada de tal manipulação. Daí que seja imprescindível um trabalho de pedagogia, encaminhado a colocar as coisas em seu exato lugar.
 
Dito tudo isso, tampouco é aceitável para o catolicismo que a ciência pretenda tornar-se a única fonte possível de conhecimento (dado que então estamos não diante da ciência em sentido estrito, mas diante do cientificismo). Em primeiro lugar, a ciência tem limites epistemológicos intransitáveis pelo ser humano.
 
Em segundo lugar, a compreensão total das perguntas últimas não corresponde à ciência, porque vai além do método científico.
 
Em terceiro lugar, a ciência não é neutra em relação aos processos de pesquisa. É financiada (e, portanto, dirigida) com propósitos alheios a ela (a empresa, a política, a ideologia), que determinam a direção dos programas de pesquisa e, portanto, suas conclusões. E reage defensivamente contra qualquer progresso cognitivo que contradiga o paradigma estabelecido, como demonstrou Kuhn.
 
Acrescentemos a estas objeções, por último, que a ciência tem dificuldades inerentes para estabelecer verdades. Uma coisa é a certeza e outra coisa a verdade. A verdade é, por definição, objetiva e invariável; mas, dado que a ciência é sempre suscetível de refutação, como demonstrou Karl Popper, seria ilógico depositar uma confiança cega em teorias que podem ser superadas mais à frente (e, de fato, na atualidade, sabemos que o paradigma da física atual, a mecânica quântica, será superado quando encontremos um meio de compatibilizá-la com a teoria da relatividade).
 
Neste mesmo sentido, cabe dizer que o “dado” científico é suscetível de interpretações que, em última instância, dependerão do observador, razão pela qual é impossível uma objetividade absoluta em suas conclusões, quando vão além de proporcionar precisamente isso: o dado puro e simples.
 
A ciência é um método de conhecimento altamente positivo. Permitiu-nos progredir na compreensão da realidade que nos cerca, e suas conquistas técnico-práticas, como a indústria, as telecomunicações e a saúde, são indiscutíveis. Mas a ciência não é o único meio de conhecimento possível. Ela demorou mais de dois mil anos, por exemplo, para demonstrar as teorias atomistas que, por meio da razão, foram abraçadas pelos filósofos pré-socráticos.
 
Entronizar a ciência como única fonte do saber é, sem dúvida, um fundamentalismo semelhante ao que sustenta a leitura literal dos textos bíblicos. É por isso que alguns autores denominaram o novo ateísmo como “ateísmoevangélico”.

1) Sobre el primero de los principios, IV.ii.5, IV.iii.4
(2) Hexameron L.iv.16
(3) Hexameron I.iv, I.viii, I.xi
(4) Contra Fausto el Maniqueo, 32.20; Confesiones, XIII.xv
(5) Summa Theologiae 1a, 1, 10.

© 2013 – Pepe de Rosendo para o Centro de Estudos Católicos - CEC

domingo, 22 de setembro de 2013

Fé e Ciência

Arqueólogos encontram “cidade perdida” mencionada nos Evangelhos: Dalmanuta.

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ginosar_BW_7.jpg
Segundo o site acadêmico LiveScience, uma “cidade perdida”, descrita nos Evangelhos, pode finalmente ter sido encontrada. Dalmanuta é o lugar para onde Jesus partiu após ter feito a multiplicação de pães e peixes que alimentou uma multidão. O capítulo 8 de Marcos afirma: O povo comeu até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram. Cerca de quatro mil homens estavam presentes. E, tendo-os despedido, entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta”.
Contudo, a passagem correspondente de Mateus 15:39 diz: “Tendo despedido a multidão, entrou no barco, e dirigiu-se ao território de Magadã”. Essa menção fez com que durante séculos os estudiosos pensarem se tratar da cidade que hoje é chamada de Migdal.
Também conhecida por Magdala, está situada ao noroeste do Mar da Galileia, no vale de Genesaré. O local é mais conhecido por sua associação com Maria de Magdala, apelidada de Madalena. 
Ken Dark, da Universidade de Reading, cuja equipe descobriu as ruínas dessa cidade defende que se trata de Dalmanuta, uma “cidade perdida” para a arqueologia. Ele e sua equipe querem comprovar a teoria por causa de uma embarcação de 2.000 anos de idade que foi encontrada na região em 1986.(foto acima) Até hoje é o mais famoso artefato associado à área, o famoso “barco de Jesus” poderia não ser de Magdala, mas sim da cidade vizinha de Dalmanuta. Elas ficavam a cerca de 200 metros uma da outra. Isso sugere que os dois evangelistas apontavam para a mesma região, mas não para a mesma cidade.
A exploração encontrou cerâmica antiga e uma série de fragmentos de colunas, incluindo peças esculpidas no estilo coríntio. Os testes de radio carbono permitem que muitos dos artefatos encontrados comprovem sua idade. Alguns deles, ânforas de vidro, indicam que seus antigos habitantes eram ricos. Vestígios de âncoras de pedra, juntamente com a localização próxima à praia, ideal para barcos, indicam que a população se dedicava à pesca. São as ânforas e as âncoras que ligariam a cidade ao chamado “barco de Jesus”.
A teoria é apresentada na edição de setembro da revista científica Palestine Exploration. Análises do material indicam que a cidade era próspera e provavelmente sobreviveu por séculos. A data das peças de cerâmica indicam que ela existiu pelo menos entre o primeiro e o quinto século. A comunidade judaica provavelmente vivia ao lado de um povo politeísta, como indicam os fragmentos de vasos de calcário. Segundo Dark, isso seria a realidade da região no início do período de dominação romana.
Embora reconheça não ser possível a comprovação inequívoca que a cidade recém-descoberta é a Dalmanuta bíblica, para ele é um dos poucos nomes de lugares desconhecidos por pesquisadores. Além disso, está no Vale de Genesaré, um sítio arqueológico “amplamente negligenciado”. A pesquisa de Dark utilizou, além do sistema tradicional, fotos tiradas de satélites para estabelecer mudanças na topografia.
Como no campo da arqueologia tudo ocorre muito lentamente e sempre surgem questionamentos, é provável que demore alguns anos antes de as teorias da equipe do doutor Dark sejam totalmente comprovadas.
 Com informações de RT, Christian Origins e Live Science.
Fonte:www.comshalom.org

Imperdível!

Imagens incríveis da criação de Deus em HD.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ciência e Fé

* Igreja ‘contra’ a ciência? Durante quinze séculos o catolicismo ostentou a liderança mundial na pesquisa científica!

topic
A Igreja nos ensina que, se a fé está “acima” da razão, “não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência, porque ambas têm origem em Deus” (Compêndio do CIC 29). João Paulo II se referiu à contribuição que uma poderia oferecer à outra: “A ciência pode purificar a religião do erro e da superstição; a religião pode purificar a ciência da idolatria e dos falsos absolutos. Cada uma delas pode introduzir a outra num mundo mais vasto, num mundo em que ambas podem florescer”. 
Durante quinze séculos, a Igreja ostentou a liderança na pesquisa científica.
 Nada surpreendente, já que vários cargos eclesiásticos permitiam dedicar-se à ciência, muitas vezes facilitada pelo contexto monástico, com sua relativa serenidade, suas bibliotecas e seu pessoal letrado.
No século XIII, Alberto Magno incentivou a pesquisa… mineralógica. A suposta hostilidade da Igreja com relação a toda forma de conhecimento diferente do das Sagradas Escrituras é, portanto, um preconceito obscurantista!
Em 1543, foi um clérigo, Nicolau Copérnico, quem dedicou o seu De revolutionibus orbium coelestium ao Papa Paulo III, e nele redescobriu o heliocentrismo. Mas este interesse pela ciência não acaba no Renascimento. Em pleno século XIX, foi um monge, Gregor Mendel, quem formulou as leis da herança. Grandes sábios, como Pascal, Ampère, Pasteur e Eduardo Branly professavam a fé católica. Ainda hoje, a Academia Pontifícia das Ciências reúne estudiosos do mundo inteiro, e os trabalhos do Observatório Astronômico do Vaticano têm autoridade. A Igreja coopera com prazer com os não-crentes e com ateus na pesquisa filológica e arqueológica das fontes bíblicas. Isso deveria ser suficiente para estabelecer que não há oposição entre a fé católica e a ciência.
O que existe, no entanto, são preconceitos de alguns homens de fé com relação à ciência, e de alguns homens de ciência com relação à fé. Sem dúvida, houve e pode haver ainda, na Igreja, pessoas que consideram o progresso científico como uma ameaça. Já houve – e há ainda – no mundo científico, estudiosos que consideram que ciência e fé, longe de serem boas amigas, estão em concorrência direta. A uns e outros, pode-se propor a seguinte exortação: “Não tenham medo da verdade!”. Descobrir a verdadeira lei da queda livre dos corpos, como Galileu fez, é algo bom. Perguntar-se sobre o que pode levantar o homem da sua Queda também é algo bom!
Não há o que temer: “A verdade não pode contradizer o bem”. É preciso distinguir, portanto, o âmbito de competência do Magistério da Igreja e o da pesquisa científica. Fazer astronomia e calcular as trajetórias das órbitas planetárias é uma coisa; perguntar-se como se chega ao Céu é outra. Quando um cientista católico estuda astronomia, não estuda “astronomia católica”. Já não existe ciência católica nem ciência budista. A revelação judaica – e depois o seu cumprimento no cristianismo – não pretende substituir a pesquisa científica. Como bem disse o cardeal Baronio, a quem Galileu citava com prazer, “a Bíblia nos ensina como chegar ao Céu, e não como está o céu”.

A separação de responsabilidades está em perigo quando o Magistério pretende proibir ou suspender a divulgação de uma verdade científica. Isso aconteceu, por exemplo, com Galileu, mas por razões muito políticas, já que alguns estudiosos da Cúria Romana estavam certos dos seus pontos de vista científicos.
 

A autonomia das competências também é violada quando um cientista extrapola os resultados da sua pesquisa ao âmbito da metafísica e da religião. Nenhuma ciência é competente para falar da criação do mundo (que não é um acontecimento físico, mas a dependência, de tudo o que existe, de um Criador). Nenhuma ciência é competente para decidir sobre a existência de Deus (que é um ser sobrenatural, até que se demonstre o contrário – quando as ciências da natureza tratam somente de entidades e de leis naturais). Quando a ciência pisoteia as flores da religião, cai no cientificismo. A Igreja não é contra a ciência, mas contra esse cientificismo.

Fonte: Comunidade Católica Shalom

domingo, 18 de agosto de 2013

Formação

* O homem moderno busca a religião para “se sentir bem”, não para encontrar a VERDADE e por ela se deixar transformar.


Fábio Blanco – advogado e teólogo.
A religião ideal para a modernidade é áfona, retraída, irrelevante.
No fim, são os antirreligiosos que assumem o papel de profetas, de pregadores, de donos da verdade.


Esperar moderação de um religioso é negar-lhe o que ele possui de mais característico: a posse de uma cosmovisão totalizante. O que é uma religião senão uma explicação da existência, do universo e das razões últimas das coisas? E se explica tudo, tudo abarca. Nada, dessa forma, se encontra fora do seu campo de interesse, nada deixa de ser penetrado por ela. Por isso, não existe laicidade para o religioso, já que nada se encontra separado de sua fé. Sendo assim, buscará “impor” o que acredita ser o melhor para todos. E se o melhor se encontra no que sua própria religião ensina, é em favor disso que lutará.

E antes que os apóstolos deste século reclamem dessa impostura beata, saibam que nem mesmo os maiores adeptos da laicização escapam desse desejo de a todos impor o que acreditam. Os valores podem ser diferentes, mas o objetivo é o mesmo. Ninguém que atua em jogos políticos faz isso para ver os interesses dos outros aplicados. Cada um busca impor seus próprios interesses. Se puderem, farão que todos aceitem suas ideias.  Se não puderem, aguardarão o momento certo de fazer isso. Pensando dessa maneira, qual a diferença entre abortistas que requerem o chamado direito de escolha e fiéis que lutam pelo direito à vida? Em termos práticos de política, nenhuma. Todos buscam impor suas convicções. E para isso existe a política.
Quando um religioso atua politicamente, o mínimo que se espera dele é que tente impor seus valores também. Seria até injusto, enquanto todos lutam para verem suas convicções aplicadas, apenas o religioso não poder fazer isso. Ele, sem ferir a liberdade comum, deve lutar até o fim para aquilo que ele acredita ser o melhor, aquilo que representa o bem, seja recepcionado pelas normas de seu país. O religioso, em sua atuação política, não faz nada diferente de ninguém. O que ele busca é o que todos buscam: a imposição de regras para uma sociedade melhor. O problema é que cada um tem a sociedade ideal segundo suas próprias convicções.
Portanto, quando alguns atores políticos esperneiam contra os religiosos na política, fazem isso apenas como tática para desmoralizá-los, para afastá-los do jogo e, por fim, acabar impondo suas próprias ideias. Na verdade, eles sabem que suas próprias atuações em nada diferem da dos pastores e leigos  que publicamente se movem no mundo da política. Teoricamente, todos estão trabalhando por uma sociedade melhor, segundo suas próprias convicções do que é melhor.
Por que um religioso afirmar que aborto é crime se torna uma imposição sufocante e afirmar que afirmar isso é crime não é? São duas faces da mesma moeda. São duas visões que lutam para se impor. Por que, então, apenas o religioso é visto como um louco fascista tentando enfiar goela abaixo suas convicções? Na verdade, todos querem fazer isso, e se não fazem é apenas porque não conseguem.
Porém, de alguma maneira, eu compreendo porque as coisas acontecem desse jeito. Lembremos que vivemos em um mundo moderno. Neste mundo moderno, a religião também é moderna. Sendo moderna, seu papel é ser uma opção, não uma explicação. O homem moderno busca a religião para se sentir bem, não para saber a verdade.
A religião moderna é, com efeito, uma mera expressão da subjetividade. Não trata de valores universais, de uma explicação da existência. Religião é apenas um refúgio, para o homem moderno se esconder de vez em quando, aliviando as tensões acumuladas em sua vida laica.
Essa é a religião que eles querem, a religião de uma Nova Ordem: sem vocação política, sem soluções para os homens. A religião ideal para a modernidade é áfona, retraída, irrelevante.
No fim, são os antirreligiosos que assumem o papel de profetas, de pregadores, de donos da verdade. São eles que se apresentam como os portadores das virtudes que devem ser impostas a todos. São eles que sabem o que é melhor para o mundo. Eles são os promotores do bem.
E o que eles esperam da religião é que ela seja uma expressão de fé tão íntima e tão pessoal que não tenha capacidade de oferecer qualquer resposta aos problemas da sociedade. Na verdade, querem que ela seja apenas morna, talvez para que, no fim, seja vomitada pelo seu próprio Deus.

Fonte: Comunidade Católica Shalom

Games violentos: Qual a postura cristã diante disso?


Em boa parte dos games há violência, de uma forma ou outra. Existe o inimigo, e é preciso acabar com ele, seja matando extraterrestres, o exército vizinho… Evidentemente, a possível preocupação não tem a ver com os danos reais causados, pois estes não existem: tudo é virtual, nada é real.A preocupação tem mais a ver com o efeito da incitação à violência, sobretudo nos mais jovens.
Parte-se da ideia de que eles tendem a imitar o que veem, sobretudo quando, como nos games, não só veem, mas também atuam. No entanto, resolver a questão aceitando isso sem mais e desaprovando esses jogos é uma simplificação bem menos realista do que pode parecer.
Se voltarmos atrás, antes da revolução informática, o que as crianças liam tampouco era pacífico: desde contos em que se devia acabar com o dragão, passando por quadrinhos de façanhas bélicas, até livros com episódios violentos.Isso criou uma geraçãoviolenta? Na verdade não. O fator que aumentou os índices de violência na sociedade foram as drogas.

O equívoco radica na consideração da própria violência. Hoje está na moda pensar que toda violência é imoral, mas não é assim. Goste-se ou não, a violência – medida, controlada, mas apenas a imprescindível – se faz necessáriacomo último recurso para restaurar a justiça e a ordem social. Se não fosse assim, não haveria polícia nem presídio.

O que ocorre com os games? Há que saber distinguir. O herói não é o mesmo que o sádico. Então há que se avaliar e descartar como inconvenientes alguns jogos:os que fazem uso recreativo da violência ou, pior ainda, da crueldade; os que convocam a uma violência gratuita ou, pior, injusta.

O restante é inofensivo? Nem tudo. Acontece com isso – na realidade o fenômeno é o mesmo – algo parecido com o Dom Quixote em relação aos chamados romances de cavalaria. Eles podiam prender a atenção de uma forma que o leitor não vivesse para outra coisa a não ser deixar a imaginação voar com eles. Ou seja, há o risco do vício. Com a maioria dos games este é o perigo real, por isso eles requerem um uso moderado e uma educação que ensine a utilizá-los com temperança (isso vale para as crianças, os jovens e os adultos). Coisa que não é fácil.

Fonte: Comunidade Católica Shalom

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fé e Cultura - 1

* Política: O bom cristão não salva apenas a sua alma, ele também tenta salvar a sua cultura!


Henrique Raposo

Há sempre um ponto que me desgosta em muitos amigas e amigos católicos: é a distância em relação ao debate público e político, é o nojo fácil pela política. Isso é visível, por exemplo, no Facebook. Ali podemos ver milhentas pessoas a assumir com orgulho a identidade católica e, ao mesmo tempo, a desprezar a identidade política.

Na secção “religious views”, surge triunfante a palavra “católica”. Na secção “political views”, surge um pobre e fácil “não uso disso” ou um “são todos iguais”, etc.
Na revista Communio (Setembro 1988), Francisco Lucas Pires escreveu um artigo que é, para mim, a melhor resposta a esta pobreza apolítica de um certo catolicismo.

Nesta prosa, intitulada “Pureza de Coração e Vida Política”, Lucas Pires afirma que existem duas maneiras de um cristão lidar com a esfera política. A primeira passa por aceitar que os princípios e regras da esfera política são de “outro tipo” e que, por isso, o cristão só deve ter preocupações com a salvação da sua consciência. Ou seja, o cristão deve criar uma redoma à sua volta, retirando-se assim dos debates da Cidade. Nesta via, o cristão julga-se tão puro, que não quer sujar as mãos na realidade.“Sim, sou muito católico, mas não quero nada com a política, são todos iguais”.

Como já perceberam, Francisco Lucas Pires critica esta primeira via, e defende uma alternativa. Para ele um cristão tem o dever de lutar na Cidade, tem o dever de fazer opções públicas e políticas.Porque o leigo não é o padre a viver fora da Cidade. O leigo tem de viver no mundo, tem de produzir e/ou participar numa narrativa normativa para a Cidade, mesmo quando essa Cidade é dura e suja. Sim, a política namora com o pecado e com a mentira, mas – precisamente por causa disso – a política é o terreno propício para se apurar a “pureza de coração”. Só podemos testar a nossa pureza num mundo imperfeito e duro. A redoma apolítica é uma via fácil e pouco cristão.

Portanto, numa lógica algo parecida à de T.S. Eliot, Lucas Pires diz que o cristão tem de tentar influenciar o espaço público, tem de levar os seus valores cristãos para a Cidade. O cristão não tem apenas de salvar a sua consciência: também tem de salvar a sua cultura. O cristão não é apenas um ser metafísico, também é um ser historicamente situado. No fundo, não deve existir uma separação entre a obediência moral (a Cristo, a Deus) e a vida política e colectiva aqui na Cidade dos homens. Pelo contrário: deve existir uma tensão criadora entre a ética cristã e a realidade política.





Fé e Cultura

* Paróquia católica americana apresenta Jesus como o primeiro “hipster”. Entenda.


Uma Paróquia católica do bairro do Brooklyn, em Nova York, Estados Unidos, fez uma campanha diferente para atrair fiéis. Em propagandas espalhadas pelo bairro, a diocese colocou cartazes em pontos de ônibus, bares, restaurantes e telefones públicos com os dizeres: “O hipster original”. Hipsteré um termo usado para designar pessoas modernas e inovadoras.

A imagem mostra os pés de um homem usando uma túnica branca e um par de tênis vermelhos. Segundo o Huffington Post, Jesus poderia ser o tipo de homem que usaria óculos com aros de tartaruga, barba por fazer e que ouve bandas que ninguém conhece, assim como os “hipsters”.
O porta-voz da diocese, monsenhor Kieran Harrington, essa noção de Jesus não deveria ser uma surpresa. “Historicamente, as representações de Cristo refletem a população que adorava”, afirmou o monsenhor ao Huffington Post.
“Não me parece tão absurda que a representação de Cristo seja de um hipster”, disse Harrington. “Mais do que isso, Jesus se contrastava com a cultura da sua época. É isso que os hispters fazem”, continuou.
O monsenhor ainda explicou que a campanha foi criada para que os novos moradores do bairro – região conhecida por ser o lar dos descolados de Nova York – encontrem uma paróquia que os interesse.
“Queríamos facilitar para as pessoas a procura de igrejas para freqüentarem aos domingos”, afirmou o monsenhor. “A diocese é como a cidade, sempre se reinventando”, completou.

Formação 3

* “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”. (Sto Agostinho)


A verdade e a caridade são duas virtudes fundamentais para a nossa salvação. Uma não pode ser vivida sem a outra, desprezando a outra, pois uma perde o seu valor se não observar a outra.  Sem verdade não há verdadeira caridade e não pode haver salvação.
São Paulo disse que “a caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3, 4) “A ciência incha mas a caridade edifica” (1Cor 8,1) “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei” (Rom 13, 10) “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1 Cor 16, 14); “Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef 4, 15).
São Paulo mostra a excelência da caridade: “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Cor 13, 2).
Se “Deus é amor”, como disse São João, da mesma foram Ele é a Verdade. “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda verdade (Pr 8,7; 2Rs 7,28). Sua Palavra é verdade. Deus é “veraz” (Rm 3,4). Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de graça e verdade” (Jo 1,14), Ele é a “luz do mundo” (Jo 8,12). “Para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12,46).
São Paulo disse a SãoTimóteo que “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. O nosso Catecismo afirma com todas as letras: “A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito de verdade já estão no caminho da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi confiada, deve ir ao encontro do seu anseio levando-lhes a mesma verdade.” (CIC §851)
“A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15); Paulo deixa claro para Timóteo. Sem a Igreja o edifício da verdade não para de pé. Por isso recomenda ao seu precioso bispo que  guarde com zelo o bom “depósito da fé”  (fidei depositum). “Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.” (II Timóteo 1,14).
O mesmo recomenda ao bispo SãoTito: “… firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem.” (Tito 1,9).
“O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina.” (Tito 2,1). “… e mostra-te em tudo modelo de bom comportamento: pela integridade na doutrina, gravidade” (Tito 2,7).
Sem esta “sã doutrina” não existe salvação. Quando Jesus terminou o discurso… “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina” (Mt 7,28). E ele recomendava: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas”. (Mt 11,29)
Os discípulos viviam segundo esta verdade de Deus. “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações”. (At 2, 42)
Jesus mostrou toda a força da verdade. “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3, 21)
“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade (Jo 4, 23-24). Por isso a Igreja ensina a “lex credendi, lex orandi” (como se crê se reza). “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,23).
Jesus mostrou o perigo de se desviar da verdade, porque a mentira vem do Mal: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (Jo 8,44)
Muitos não quiseram ouvir a verdade de Jesus,como hoje: “Mas eu, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem de vós me acusará de pecado? Se vos falo a verdade, por que me não credes? (Jo 8,46)
Jesus mostrou aos discípulos na última Ceia, que o Espírito Santo é a fonte da Verdade; e é Ele que conduzirá a Igreja `a “plenitude da verdade” em relação à doutrina.
“É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.’ (Jo 14, 17)
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15, 26). “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16, 13).
A verdade de Jesus santifica: “Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17,17). “Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade” (Jo 17,19). Por tudo isso, Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade: “Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37).
Muitos querem apenas o “Deus que é Amor”, mas se esquecem do Deus que é também a Verdade. Esta é uma “porta estreita ” que muitos não querem entrar, mas é a “porta da vida”. (Mt 7,13). A Igreja é muitas vezes criticada exatamente porque não abre mão da verdade. Não aceita fazer a caridade sem observar a verdade. Paulo VI disse que o mal do mundo é “propor soluções fáceis para problemas difíceis”. São soluções que não resistem a uma análise ética e moral porque não respeitam a verdade revelada.
Santo Agostinho recomendava com sua sabedoria e santidade: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”.
A verdade norteia o bom uso da caridade, para que ela não se desvirtue. Não se pode “fazer o bem através de um fim mal”, ensinava São Tomás de Aquino. Não se pode, por exemplo, usar o narcotráfico para arrecadar fundos para a caridade. Não se pode usar uma “camisinha” para evitar a AIDS ou fazer contracepção, porque o meio é mau. Não se pode promover a justiça através da luta de classes, do desrespeito às leis.  Os fins não justificam os meios. E isto acontece quando a caridade é vivida sem observar a verdade.
Sem a verdade a caridade é falsa, e não pode haver salvação.
Prof. Felipe Aquino

Formação 2

* “Deus, você sabe que eu não acredito em você, mas eu estou com problemas e preciso de ajuda. Se você é real, me ajude! “



Capa do livro onde narra sua história de vida na busca da verdade
O caminho de Devin Rose: ateu orgulhoso, agnóstico deprimido, protestante duvidoso e agora católico fervoroso.
“Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha: ou me matar ou tentar acreditar em Deus.”
Devin Rose nasceu em uma família de tradição cristã, com o entendimento de que era apenas no nome. Na verdade, em casa, ele aprendeu que os homens vieram de uma evolução da “lama original.” Assim, não admira que na adolescência, após a obtenção do uso da razão, Devin declarou orgulhosamente incrédulo. Então nasceu um ateu!
Seu estudo na escola ajudou-o ainda mais a encorajar-lhe nessa posição, dada a suposição de consenso amplo de seus colegas neste campo. Mas na faculdade, algo aconteceu. Apesar de ter êxito naquilo que realizava (boas notas, uma noiva bonita, o amor de sua família, um monte de amigos …) havia algo que não funcionava: “Comecei a ser devorado pela ansiedade”, diz ele.
“Eu ficava nervoso em reuniões sociais, em restaurantes, cinema, mesmo durante a aula. Meu estômago se agitava e ficava com medo de ter que sair da classe, colocando-me no ridículo na frente de todos. “
Com o tempo, essa ansiedade só aumentou, chegando a verdadeiros ataques de pânico sem motivo aparente. Chegou até desejar a morte: ele, um estudante de honra, com bolsa integral, atleta talentoso e cercado por bons amigos e o amor de sua família.
Diante desta situação, finalmente enfrentou seu ateísmo, que agora era sinônimo de desespero: “A fina camada do conforto, da prosperidade e bem-estar geral sempre me protegeram na minha vida paraenfrentar as terríveis conclusões existenciais da minha visão de mundo. Um dia, em um inquietante “sonhar acordado” vi diante de mim, de maneira total, a escuridão, uma vazia manifestação viva do meu desespero. “
Em meio a esta dor, foi até sua mãe e abriu sua alma: “Agradeço a Deus agora porque, mesmo no desespero, me deu uma mãe amorosa que eu podia ir em uma situação onde achava que não tinha outra lugar para ir. ” Juntos, eles foram para um psicólogo, outra dificuldade para Devin, que olhava com desdém para as pessoas que iam a uma terapia e então começou a dar resultados.
Mas a evolução era positiva apenas em parte. Na verdade, suas ansiedades ainda estavam lá. Foi quando ele aceitou o seu problema: ele era clinicamente deprimido, uma luta que se lhe apresentava titânica e interminável.
“Eu acreditava que meus problemas eram apenas um produto químico do meu cérebro, mas eu já tinha tentado todas as táticas possíveis para superar a ansiedade e não tinham funcionado. Minha inteligência anteriormente confiável falhou completamente, por isso eu enfrentei uma escolha:. Ou me mato ou trato de acreditar em Deus “

Com essa dicotomia no caminho, o antes ardente ateu se lançou na empresa de acreditar: “Eu sabia que se Deus não existisse, tentar acreditar nele não iria funcionar, pois seria só uma tática a mais no meio da multidão das que havia tentado antes, sem sucesso. E pedir a Deus ajuda, era algo dentro de mim que se rebelava, não tendo nada a perder, eu lhe dou uma chance. ” E assim, depois de muitos anos, Devin lançou seu primeira frase: “Deus, você sabe que eu não acredito em você, mas eu estou com problemas e precisa de ajuda. Se você é real, me ajude. “
À princípio, o resultado de suas orações foi nulo, de modo que, ironicamente, havia confirmado seu ateísmo. “Mas quando você está no mar e tudo que você tem é um salva-vidas, ainda que pequeno, é a sua única esperança.” Então ele continuou a orar.
Assim, pouco a pouco, apareceram ligeiros sinais de melhoria. E mesmo dentro do desculpas foram revelados os ateus e queria quebrar essa árvore que começou a crescer, Devin disse que eu deveria lhe dar uma chance à fé. Assim se protegia e continuava sua oração, acompanhada pela leitura da Bíblia.
Seu companheiro de quarto na faculdade era um batista fiel (protestante) e começou a levá-lo em sua igreja todos os domingos. Mesmo sentindo ataques de ansiedade, fazia violência para permanecer nas reuniões e, surpreendentemente, a sua fé começou a se fortalecer e crescer, mas estava imerso em um mar de dúvidas. No final daquele ano, Devin se considerava já, e sem dúvidas, um cristão.
Devin no livro sobre o protestantismo disse que foi nesse momento que Deus se fez presente, “Deus se precipitou e era como nada do que antes pudesse ter experimentado. Ele me deu coragem e força para enfrentar as minhas ansiedades e começar a superá-las [...] Deus me deu esperança de enfrentar o meu desespero, e fé e o amor começaram a curar minhas feridas mais profundas. ” Em outras palavras, ele conheceu o amor de Deus. No final daquele ano, foi batizado na igreja Batista, dando um novo rumo para sua vida.
Mas Deus não parou por aí; queria que Devin se encontrasse definitivamente com Ele dentro da Igreja Católica. Desde o início nasceu a pergunta por que havia tantas divisões e denominações dentro do Cristianismo. Assim o fez notar a Matt, um bom amigo seu Batista, considerado um líder entre seu grupo. Mas ele não soube responder.
Seu desejo pela verdade roía a alma e não lhe deixava em paz ver as diferenças entre as pregações cristãs. Procurou a ajuda em sua leitura da Bíblia … porém aí se deu conta que umas confissões o viam de uma maneira um e outros de outra maneira.
A questão subjacente não era simples: quem são realmente guiado pelo Espírito Santo? Porque o Espírito Santo é “o Espírito da Verdade”, e verdade é uma só. Como, então, produzia tantos efeitos?
Depois de muito pensar e de oração, Devin decidiu investigar qual denominação teve a audácia de dizer que era a Igreja que tinha a plenitude da verdade. Sua Igreja Batista certamente não disse, porém os católicos, ortodoxos e os mórmons o fizeram. Espantado com os resultados e com muito medo, começou a investigar a Igreja Católica.
Durante muito tempo debateu com amigos protestantes, fazendo todo o possível para não se tornar católico. Mas quanto mais estudava, mais se dá conta da autenticidade da Igreja. E assim, depois de receber uma boa catequese, foi recebido na Igreja na Páscoa de 2001, cerimônia da qual participaram alguns de seus amigos protestantes.
Hoje, após dez anos de Católico, Devin só pode ver com gratidão o caminho percorrido: “Meu “Caminho à Roma”começou com o risco de que Deus fosse real. Continuou com a descoberta de que ele me amava e que era digno de minha confiança. Hoje posso dizer que, depois de viver a fé católica por dez anos, a minha confiança em Cristo e Sua Igreja tornou-se cada vez mais forte. “
***

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Formação 1

Lápide “misteriosa” do fim do século I AC aponta vinda do “Messias” e deixa estudiosos surpresos.

Está sendo exposta em Jerusalém uma lápide do fim do século I a.C. cujo texto – considerado “misterioso” pelos especialistas – foi escrito com tinta em caracteres hebraicos, noticiou o “Boston Herald”.
É a chamada “Pedra de Gabriel”, ou “Visão de Gabriel”, segundo o Prof. Ada Yardeni, pelo fato de o arcanjo aparecer como figura central.
A pedra mede um metro de altura e foi descoberta no ano 2000 na margem oriental do Mar Morto, por um beduíno da Jordânia.


Análise da terra colada à pedra revelou uma composição química que só se encontra nessa região.

O escrito tem 87 linhas e está dividido em duas colunas. Trata-se de um texto profético anotado quando ainda existia o Templo que Jesus frequentou.
Os especialistas consideram a “Pedra de Gabriel” um pórtico que ajuda a entender as ideias que circulavam na Terra Santa sobre o Messias pouco antes de Jesus nascer.
O método de gravar com tinta sobre a pedra e não entalhar, como era o costume, é único.
Nada se achou de semelhante na região do Mar Morto até o presente.
“A ‘Pedra de Gabriel’ é em certo sentido uma espécie de Rolo do Mar Morto escrito sobre uma pedra”, sustenta James Snyder, diretor do Museu de Israel.
Ela provém da mesma época e utiliza caligrafia idêntica à de alguns dos Rolos do Mar Morto, entre os quais se contam os mais antigos manuscritos hebraicos da Bíblia.
Para os responsáveis do Museu de Israel, trata-se do documento mais importante achado na região.
Em 2008, a “Pedra de Gabriel” causou polêmica quando o professor Israel Knohl, da Universidade Hebraica de Jerusalém, defendeu que ela revolucionaria a compreensão dos inícios do cristianismo.
Segundo ele, o texto profetiza a ressurreição do Messias. Knohl baseia sua teoria na frase “após três dias Tu viverás”.
Esta posição suscitou uma tempestade no mundo acadêmico, com um Congresso científico e um documentário do National Geographic incluídos. A polêmica continua até hoje.
Muitas letras ficaram apagadas em partes cruciais, havendo muita polêmica sobre a interpretação. Só 40% das 87 linhas são legíveis, e muitas delas parcialmente.
Uma equipe americana usando tecnologias de escaneamento em alta resolução tentou detectar caracteres apagados, mas sem resultado.
Os especialistas, entrementes, concordam que as partes legíveis trazem a visão apocalíptica de um ataque contra Jerusalém – a cidade santa e prefigura da Igreja – durante o qual Deus intervém para salvá-la rodeado de anjos e carros.
O personagem central é São Gabriel, o arcanjo portador do anúncio da Encarnação, que se apresenta na Pedra dizendo “Quem sou eu? Eu sou Gabriel o anjo”. No texto aparece também o nome de São Miguel.
As inscrições mencionando São Gabriel acenam para uma “revoada de anjos sobre o Templo de Jerusalém” num momento de grande angustia para os fiéis que restam na cidade, explicou Adolfo Roitman, um dos responsáveis da mostra.
“Gabriel não é arqueologia. Ele é relevante para milhões de pessoas na terra que acreditam que os anjos são seres celestiais atuantes na terra”, disse Roitman.
A revista especializada Biblical Archeology Review foi a primeira a publicar uma densa matéria sobre a enigmática pedra na sua edição de janeiro-fevereiro de 2008, assinada pelo Prof. Ada Yardeni.
Segundo Yardeni, estamos diante de um texto judeu que precede de muito perto o cristianismo e apresenta duas vindas do Messias em formas assaz diversas.
Segundo uma das formas, o Messias viria como filho de José (Efraim). Sob esta forma, o Messias padeceria, morreria e ressuscitaria três dias após a morte. Essa seria a razão de ser das palavras “após três dias Tu viverás”.
Na outra forma da vinda do Messias, Ele aparece em majestade, patenteando sua raça real e sua condição de filho, ou sucessor, do rei David
Nesta segunda vinda, o Messias retornaria acompanhado por exércitos celestes em ordem de batalha e obteria uma vitória militar mística, angélica e material, salvando os últimos fiéis que estão a ponto de perecer nas mãos dos inimigos que os rodeiam.
Assim, o Messias instituiria seu reinado sempiterno após uma “jornada de batalha”.
Ele fará de seus inimigos, até então vencedores, uma peanha sobre a qual assentará seus pés. O Messias filho de David é um Messias triunfal.
As duas vindas do Messias da “Pedra de Gabriel”, portanto, correspondem admiravelmente às duas vindas de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo as Sagradas Escrituras.
A primeira já foi efetivada e está descrita nos Evangelhos. Nosso Senhor veio como filho de José, padeceu, morreu e ressuscitou ao terceiro dia para nos remir.
Na segunda vinda, anunciada no Apocalipse, Nosso Senhor voltará para uma grande jornada vitoriosa contra os maus, encerrar a História e instalar seu reinado por todo e sempre.

Fonte: Site - Comunidade Católica Shalom