quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Eu uso a MODA ou sou USADO por ela?


O QUE É ‘ESTAR NA MODA’?

DITADURA DA BELEZA / REPORTAGENS

Por Clarissa Oliveira e Daniel Machado
Equipe Destrave
A moda, para muitos, é uma forma de se integrar à sociedade ou pertencer a um determinado grupo. É comum ouvirmos: “Vou comprar porque está na moda” e “Vou usar porque está na moda”. Dessa forma, as pessoas vão, ora se diferenciando, ora se associando a certos padrões de vestimenta e comportamento.
Quando falamos de moda estamos falando de um mundo amplo e complexo. Existe a moda dos punks, dos hippies, dos anos 60, 80, das crianças, dos idosos, das passarelas, do Oriente, do Ocidente, assim por diante. Certo mesmo é que o ser humano sempre precisou adaptar seu modo de ser, de agir e de se vestir ao seu contexto social.
Mas de onde vêm este comportamento e as tendências da moda?
A moda está ligada ao contexto de época. Muda o ser humano e é mudada por ele
Segundo o professor de moda Raphael Finoti, a moda na vestimenta começou com os homens. “Quanto mais se vestiam [bem], tanto mais eles eram aceitos e prestigiados na sociedade”, revela Finoti.
A partir do fim da Idade Média a burguesia passou a copiar o estilo de se vestir dos nobres para também ser aceita na sociedade. A forma de se vestir mostrava a classe e o prestígio do homem ou da mulher diante da sociedade. “Os vestidos chegavam a pesar até 45kg e quanto maior o vestido, tanto mais dinheiro tinha a dama”, ensina o professor de moda. Desde então, os nobres têm ditado a forma como a sociedade deveria se vestir, já que todas as outras classes buscavam imitá-los.
A história não mudou muito de lá para cá. Hoje as pessoas de diversas classes sociais tentam copiar a forma de se vestir de artistas, modelos, atores e pessoas influentes na mídia.
“Vista aquilo que te faz bem mas não fuja do que você é como pessoa”
Não importa quanto custa tal calça, tal vestido ou acessório, na busca de se enquadrar nesta sociedade da aparência vale “fazer das tripas coração” para não se sentir excluído.
Raphael Finoti "A roupa expõe a nossa personalidade"
Mas alguém pode perguntar: “Estar na moda é algo ruim?” Não! Afinal, todos nós, de certa forma, estamos dentro de um contexto social e, consequentemente, usamos uma moda. No entanto, não é justo que percamos a nossa liberdade – e também o nosso dinheiro – para obedecer à ditadura da moda. Não é justo que uma pessoa, influenciada pela propaganda, gaste além do que pode para se sentir melhor e tentar ser mais “feliz”.
Passar a usar determinada roupa ou assumir um comportamento específico só porque o artista da novela ou aquela cantora famosa a usa ou se comporta de tal forma é vender a nossa liberdade.
“A roupa expõe a nossa personalidade. Vista aquilo que você se sente bem, mas que não fuja daquilo que você é como pessoa”, ressalta o professor.
Para o cristão existe uma moda? Sim, a moda da consciência e do discernimento. Já dizia São Paulo “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (I Cor 6, 12).
De fato, muitas vezes, é isso que falta para aqueles que usam de tudo o que aparece pela frente apenas por “estar na moda”, atender ao apelo midiático e preencher o vazio interior.
Será que por trás daquele tipo de roupa, da compra daquele tênis de marca, de me vestir como aquele (a) cantor (a), não está escondido a fuga da realidade e de mim mesmo? O que estou escondendo e, ao mesmo tempo, querendo mostrar às pessoas?
Cuidar do corpo, se arrumar, estar bem exteriormente é sinal de saúde psíquica, física e espiritual. Devemos cuidar da nossa aparência, sim, mas fazer disso uma necessidade vital, uma preocupação exagerada é sinal de doença e escravidão aos padrões do mundo. Uma pessoa não pode resumir o seu ser na estética nem buscar nisso a sua felicidade. O segredo da beleza está numa vida cheia de sentido.
Sabe o que realmente é estar na moda? Ser você!
#DicaBacana: 100 anos de moda em 100 segundos
Fonte: Canção Nova

Advento



O Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento; um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus. Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos.
Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte.
Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim... Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena.
Coroa do Advento:
Para nos ajudar nesta preparação usa-se a Coroa do Advento, composta por 4 velas nos seus cantos – presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo acende-se uma delas. As velas representam as várias etapas da salvação. Começa-se no 1º Domingo, acendendo apenas uma vela e à medida que vão passando os domingos, vamos acendendo as outras velas, até chegar o 4º Domingo, quando todas devem estar acesas. As velas acesas simbolizam nossa fé, nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz.
Termo:
Advento vem de adventus, vinda, chegada, próximo a 30 de novembro e termina em 24 de dezembro. Forma uma unidade com o Natal e a Epifanía.
Cor:
A Liturgia neste tempo é o roxo.
Sentido:
O sentido do Advento é avivar nos fiéis a espera do Senhor.
Duração:
4 semanas

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

FORMAÇÃO


* Papa fala acerca das três vias de acesso ao conhecimento de Deus.


Hoje, diante de milhares de fiéis e peregrinos o Papa Bento XVI concedeu, na Sala Paulo VI, a Audiência Geral das\ quartas feiras.papa.JPG
Na ocasião, o Papa propôs a meditação acerca das três vias de acesso ao conhecimento de Deus. Vias que podem abrir o coração do homem ao conhecimento do Senhor, sinais que conduzem em direção a Ele.
A primeira dessas vias é o mundo, ou seja, a ordem e a beleza da criação nos levam a descobrir Deus como origem e fim do universo.
A segunda via é o homem. Com sua abertura à verdade, seu sentido de bem moral, sua liberdade e a voz da consciência, sua sede de infinito, o homem se interroga sobre a existência de Deus e descobre que somente Nele pode existir.
A seguir o Pontífice tratou da terceira via: a fé: quem crê está unido a Deus, aberto a sua graça, à força da caridade. Um cristão ou uma comunidade que é fiel ao projeto divino, se constitui num caminho privilegiado da existência e das ações de Deus para os indiferentes ou para os que duvidam. O Cristianismo, antes de ser uma moral ou uma ética, é a manifestação do amor que acolhe a todos na pessoa de Jesus.audiencia.jpg
Essas vias, explicou o Santo Padre, nos levam ao conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo. Na realidade, continuou o Papa, o homem, separado de Deus, está reduzido a uma única dimensão, a horizontal, e justamente este reducionismo é um das causas fundamentais dos totalitarismos que tiveram consequências trágicas no século passado, como também da crise de valores que vemos na realidade atual.
Ignorando a referência a Deus, ignora-se a o horizonte ético, para deixar espaço ao relativismo e a uma concepção ambígua da liberdade. Se Deus perde a centralidade, ensinou Bento XVI, o homem perde o seu lugar correto, não encontra mais o seu espaço na criação e nas relações com os outros. (JS)

Fonte: Vaticano - Roma

Deus no Big Bang?


*  Teólogos, Filósofos e Físicos conversam sobre a pergunta.




A descoberta do Bóson de Higgs está tão fresca que a exibição no museu da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) ainda não se atualizou. No trabalho exposto – um curta-metragem que projeta imagens do nascimento do Universo numa enorme tela – o narrador pergunta: “Encontraremos o bóson de Higgs?”


Agora que finalmente foi visto – uma descoberta científica que nos aproxima mais do que nunca dos primeiros momentos após o Big Bang –, a Cern abriu suas portas para eruditos que assumem um enfoque muito diferente para a pergunta a respeito da forma como se criou o Universo.

Em outubro, um grupo dteólogos, filósofos e físicos se reuniu dois dias, em Genebra, para falar sobre o Big Bang.


O que aconteceu quando pessoas de tão diferentes visões do Universo se sentaram para discutir?


“Dei-me conta de que era necessário discuti-lo”, disse Rolf Heuer, diretor geral da Cern“Precisamos, como cientistas ingênuos, discutir com filósofos e teólogos o tempo anterior ao Big Bang”.

A primeira pessoa a propor a teoria do Big Bang foi um sacerdote católico, Georgs Lemaitre, que também era professor de física na Universidade Católica de LovainEm 1931, num trabalho acadêmico, propôs que o Universo em expansão deveria ter se originado num ponto finito no tempo. Para ele, os seus interesses religiosos eram tão importantes como a sua ciência, como presidente daAcademia Pontifícia de Ciências, de 1960 até a sua morte, em 1966.

Charles Darwin, de quem se pode dizer que deflagrou o debate da religião versus ciência, lutou com sua própria fé. Darwin cresceu na fé anglicana e em seus diários de exploração, em seu barco, oBeagle, referiu-se a si mesmo como “bastante ortodoxo”. Em sua autobiografia, Darwin escreveu: “O mistério do princípio de todas as coisas é insolúvel para nós; e de minha parte devo me conformar em permanecer como agnóstico”.

Um dos organizadores da Cern, desta reunião incomum, foi Wilton Park, um fórum global estabelecido por Winston Churchill. Trata-se de uma organização usualmente associada com discussões de alto nível sobre política global e, inclusive, confidenciais, sobre assuntos de segurança internacional, que talvez enfatize o quão seriamente a Cernconsidera este encontro.

Contudo, a própria ideia de um “tempo antes do Big Bang” é um território impossível para os físicos. É uma área de pura especulação; antes do tempo e o espaço como os cientistas os entendem, e onde as leis da física se rompem completamente.

Então, fazem isso num âmbito em que a ciência e a religião possam se entender? Um dos participantes mais francos, Lawrence Krauss, um físico teórico e diretor do Projeto Origens, na Universidade Estatal de Arizona, afirma que definitivamente não. “Numa reunião como esta, alguém tem a impressão de que Deus importa aos cientistas; mas, não”, aponta.

Entretanto, a sugestão de que ciência e religião são fundamentalmente incompatíveis foi motivo de discórdia durante a reunião. John Lennox, professor de matemática na Universidade de Oxford, também se declara cristão. Ele pensa que apenas o fato dos seres humanos poderem fazer ciência é uma evidência para Deus

“Se os ateus têm razão de que a mente faz ciência… é o produto de um processo não guiado, sem sentido”. “Agora, se soubesse que seu computador é produto de um processo não guiado, sem sentido, não confiaria nele”. “Por isso, para mim o ateísmo mina a racionalidade de que necessito para fazer ciência”.

Porém, este debate aparentemente insolúvel, de Deus versus a ciência, foi apenas uma parte do encontro. Heur expressou que desejava que os participantes “desenvolvessem um entendimento comum” da visão dos demais.

Todavia, até mesmo intercambiar em alguns momentos foi fastidioso; cientistas e filósofos costumam falar linguagens muito diferentes. 

A descoberta de uma “partícula de Higgs” precedeu este encontro de religiosos e cientistas.

Andrew Pinsent é diretor de pesquisa no Centro Ian Ramsey para a Ciência e a Religião, daUniversidade de Oxford. É também um físico treinado, que já trabalhou na Cern. “Temos que nos educar mutuamente nos termos que usamos”, disse. Por exemplo, explica, “os filósofos estiveram discutindo o significado da [palavra] verdade durante séculos”. Porém, para muitos físicos, usar essa palavra é um território incômodo quando falam sobre o que sabemos do Universo e do Big Bang.

Krauss afirma que a palavra está no centro de “uma das diferenças fundamentais entre ciência e religião”. “Os que são religiosos acreditam que conhecem a verdade”, aponta. “E sabem a resposta antes de existir a pergunta. Com os cientistas é exatamente o contrário”. “Na ciência, embora usemos a palavra verdade, o que realmente importa é se funciona”. “Por isso, é um assunto sensível, porque se você sabe a verdade, não precisa lidar com esta perguntinha sobre se algo funciona ou não”.

Apesar da barreira entre visões opostas do mundo e léxicos incompatíveis, Pinsent acredita que colaborar com a filosofia poderia ajudar a ciência a enfrentar melhor as perguntas muito grandes. “Num quarto de século, não houve novos avanços conceituais na física”, afirma. Acrescentando que isto, em parte, é porque a ciência isolada “é muito boa para produzir coisas”, mas não para produzir ideias”.

Evoca Einstein como exemplo de um cientista verdadeiramente filosófico. “Ele começou formulando as perguntas que uma criança faria”, assinala Pinsent, “como: ‘o que seria cavalgar sobre um raio de luz?’”

E Heuer aceita a ideia de levar filosofia à própria Cern. “Não iria tão longe como deixá-los fazer experimentos aqui”, brinca, “mas não seria nenhum problema ter um filósofo residente”.

A principal conclusão do evento foi simples: continuar conversando. “Enfrentamos um problema em nossa cultura de hiperespecialização”, destaca Pinsent. “Esta ignorância de outros campos pode causar problemas, como uma carência de coesão social”.

E embora Krauss tenha dito que a reunião às vezes foi sentida como “de pessoas que não podem se comunicar ao busca se comunicar”, vê algum valor neste intercâmbio. “Muita gente de fé vê a ciência como uma ameaça”, aponta. “Não acredito que a ciência seja uma ameaça, por isso é útil para os cientistas mostrar que não veem necessariamente dessa forma”.

Como disse um colaborador durante o encontro: “a religião não acrescenta aos fatos científicos, mas dá forma para nossa visão do mundo”. E como a Cern está buscando pistas sobre como existiu o mundo para começar, deseja ver como suas descobertas se encaixariam em qualquer visão do mundo.

Fonte: Religión Digital

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Fé e Ciência - III


* Rezar reduz risco da doença de Alzheimer, 

afirmam cientistas.



Um grupo de cientistas dos Estados Unidos e de Israel concluíram que rezar regularmente pode reduzir, no caso das mulheres, até em 50 por cento o risco de sofrer a doença de Alzheimer.

Os resultados, expostos em junho na Universidade de Tel Aviv (Israel), apontaram que a oração influi de forma notavelmente positiva no cérebro.
Segundo o professor Rivka Inzelberg, que encabeçou o estudo, “a oração é um costume no qual se utiliza o pensamento, e a atividade intelectual ocasionada poderia constituir uma medida de prevenção contra a doença”.

“Qualquer trabalho intelectual influi positivamente ao trabalho do cérebro”, assinalou o cientista.

A investigação experimentou dificuldades ao determinar a relação entre a oração e o Alzheimer entre homens, já que 90 por cento dos homens asseguraram rezar diariamente, o que impossibilitou ter uma amostra adequada.

Entretanto, “entre as mulheres, só 60 por cento rezava cinco vezes ao dia, e 40 por cento não rezava regularmente, assim pudemos comparar a informação”, indicou Inzelberg.

Fonte: Zenit

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fé e Ciência - II


A ciência não tem como papel tirar Deus de ninguém e sim explicar como o mundo funciona e talvez minorar um pouco o sofrimento humano.

Jornal Zero Hora.
Numa época em que cientistas de renome como Richard Dawkins e Sam Harris se dedicam a ampliar o fosso entre ciência e religião, o brasileiro Marcelo Gleiser assume a delicada tarefa de estender pontes entre os dois lados. Graduado em física pela PUC do Rio e doutorado em física teórica pelo King’s College, de Londres, esse carioca de 53 anos acredita que o entendimento entre as partes é o caminho natural.
Radicado nos Estados Unidos – desde 1991 é professor do Dartmouth College, uma das mais renomadas universidades americanas – , onde o fundamentalismo cristão desempenha um papel político de primeira grandeza, Gleiser sabe que nem sempre é possível evitar choques. Ele se opõe com vigor às tentativas de setores religiosos de definir a agenda científica. Discorda, porém, daqueles que, do alto das cátedras e dos fundos públicos e privados de financiamento à pesquisa, pretendem vingar Adão e expulsar o Criador do Paraíso do conhecimento.
Quando se discute a relação entre ciência e religião no universo acadêmico, o polo religioso é sempre o mais frágil. Nos últimos 50 anos, porém, a posição da ciência tem sido muito questionada. Como o senhor vê hoje a posição da ciência diante da religião?


Não existe uma posição da ciência em relação à religião. Existem posições de cientistas em relação à religião, e essas posições são muito diferenciadas. Num extremo, você tem os novos ateístas, como Richard DawkinsDaniel Dennett e outros, que acham que ser religioso é ser louco ou estar completamente iludido em relação ao real. Eles fazem um ataque bastante agressivo em relação à fé.
No outro extremo, você tem cientistas que são perfeitamente religiosos e veem em seu esforço científico uma aproximação com Deus, se forem judeus, cristãos ou muçulmanos, ou com uma espiritualidade que pode ser budista, hinduísta etc. Para eles, quanto mais aprendem sobre o universo e a natureza, mais se aproximam de Deus.
Entre essas duas posições extremas, você tem uma porção de outras posições. No meu caso, vejo essa cruzada antirreligiosa que certos cientistas estão fazendo como uma completa perda de tempo, que não vai levar a nada e ignora o papel essencial que a religião tem na sociedade e em nossa cultura. As pessoas sabem muito pouco sobre história, filosofia e menos ainda sobre o espírito humano para entender o quanto a fé é importante na vida das pessoasÉ muita presunção de certos cientistas achar que a ciência pode, dentro da posição dela, acabar com o papel da religião na vida das pessoas. Isso é um absurdo, por vários motivos. Entre eles, e é algo que vai ser assunto do meu próximo livro e vou abordar na minha conferência, o fato de que a ciência também tem limitações na sua concepção e no seu funcionamento.


Quais seriam essas limitações?

Certos cientistas que escrevem para o público, como Stephen HawkingBryan Greene e outros, ficam tão empolgados com certas ideias científicas que esquecem de onde elas vêm e quais são seus limites filosóficos e metafísicos. Existe muita distorção sobre o que a ciência pode fazer e já fez quanto à explicação de questões fundamentais, também tocadas pela religião, como a origem do universo, da vida e da mente. Dizer que a ciência entende a origem do universo é uma grande bobagem. A ciência tem teorias que explicam uma porção de coisas maravilhosas sobre o universo, e todos devemos ter muito orgulho delas. Mas a gente ainda não entende a origem do universo, e eu, particularmente, nem sei se a gente conseguiria, dentro do processo científico, entender.

Os EUA, onde o senhor está radicado, assistem à tentativa de interferência de setores religiosos na pesquisa e no ensino de matérias científicas. Como vê esse fenômeno?

Aqui, essa questão, infelizmente, é muito politizada, e não deveria ser. Principalmente durante o governo George W. Bush, quando a direita religiosa foi ao poder, houve várias medidas que interferiam na liberdade de pesquisa científica. Isso causou indignação na maior parte da comunidade acadêmica, que não aceita interferência religiosa na pesquisa científica. Quando isso acontece, parece que estamos voltando ao início do século XVII.Por outro lado, é óbvio que a pesquisa científica sempre tem um aspecto moral que não podemos deixar de lado. Temos de pensar sobre as implicações sociais, culturais e morais da pesquisa científica, e isso é verdade tanto no mundo da engenharia nuclear quanto no da engenharia genética. A questão da clonagem de humanos, que é extremamente complexa, desperta contrariedade na maioria absoluta da comunidade científica. Não existe nenhum uso médico disso. Se você quer ter filhos, há outros procedimentos e você não vai querer ter um filho que tenha o código genético igual ao seu.

Como deveria ser fundamentada a convivência entre fé e ciência?
As fronteiras têm de ser respeitadas. O problema se inicia quando a religião começa a se meter no processo científico. Quando conselhos educacionais resolvem que não se pode mais ensinar a teoria da evolução de Darwin porque não é religiosa ou quando o Estado, controlado por interesses religiosos, decide interferir nos fundos de pesquisa científica básica porque afetam algum princípio religioso. Quando a religião interfere em algum aspecto do conhecimento, ela está andando para trás e não fazendo o papel importante que pode fazer na vida das pessoas. Por outro lado, quando a ciência faz pronunciamentos grandiosos do tipo “Deus não é mais necessário porque já entendemos tudo sobre o universo”, está abusando do que realmente sabe para fazer uma propaganda indevida. Essa coexistência tem de ser de respeito mútuo. Os cientistas têm de entender que existem 4 bilhões de pessoas no mundo que acreditam em alguma forma de Deus. A ciência não tem como papel tirar Deus de ninguém, e sim explicar como o mundo funciona e talvez minorar um pouco o sofrimento humano. Nesse quadro, as coisas poderiam funcionar bem. Isso prescinde uma separação da Igreja e do Estado, obviamente. A minha cruzada é mostrar que é uma perda de tempo os cientistas acharem que vão convencer as pessoas de que elas não precisam de religião. A religião atua em esferas além da ciência. Se morre alguém querido para você, você vai buscar consolo na sua família, no seu padre, no seu rabino ou seja lá em quem for. A religião oferece um sentido de comunidade, de pertencer, que é um grande antídoto contra a solidão humana. Nesse sentido, ela é extremamente importante
Como o senhor vê a situação da pesquisa científica no mundo contemporâneo?
A pesquisa científica é um dos maiores motivos de orgulho que a humanidade tem. Isso sempre foi verdade, desde que a ciência moderna começou, há 400 anos, e continua sendo. O discurso pós-moderno, da subjetividade, de que não existem verdades, tem de ser tomado com muito cuidado. É claro que a ciência está sempre avançando. Conceitos científicos são renovados e reformados, e é justamente essa a beleza da ciência, de estar sempre se reinventando a partir de uma compreensão cada vez maior do mundo.
O que seria o lado mau da ciência e o que seria possível fazer para, se não anulá-lo, pelo menos controlá-lo?


O lado mau não vem da ciência, mas do caráter humano. Quando se fala do bem ou mal da ciência ou de a ciência ter feito mal à humanidade, é preciso lembrar que a ciência não fez bem nem mal. A ciência é um corpo de conhecimento que descreve como funciona a natureza. A escolha moral de como vamos usar esse conhecimento vem dos homens. São as pessoas que fazem escolhas e podem usar a radiação nuclear tanto para curar um câncer quanto para construir bombas. Esse lado de sombra ou luz da ciência é do ser humano, que também usa a religião para o bem ou para o mal. Essa escolha tem a ver mais com a natureza do ser humano do que com a da ciência. O que a comunidade científica pode fazer é tentar trazer esse discurso das implicações éticas e morais da ciência para a sociedade. E acho que isso acontece. Existe uma mobilização das comunidades científicas no Brasil e no mundo para que sejam debatidos os usos e abusos da ciência. E, de uma certa forma, isso está acontecendo. As guerras químicas e biológicas estão proibidas. O controle do armamento nuclear envolve uma porção de cientistas e tem algum sucesso. Pelo menos não temos nenhuma guerra nuclear desde 1945

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Fé e a Ciência

A Existência de Deus a partir das evidências cientificas estabelecidas.

O Princípio Antrópico (*)

De como a crença em Deus hoje pode não ser do âmbito  apenas da fé, mas de evidências científicas estabelecidas.

No outono de 1973, os astrônomos e físicos mais eminentes do mundo se reuniram na Polônia para a comemoração do 500º aniversário do pai da astronomia moderna, Nicolau Copérnico.
Agrupados para a série de simpósios que durariam duas semanas encontravam-se algumas das mais ilustres mentes científicas de nosso tempo: Stephen W. Hawking, Roger Penrose, Robert Wagoner, Joseph Silk, John Wheeler, só para citar alguns. O clima era festivo, mas apesar das inúmeras palestras apresentadas durante as festividades, somente uma seria lembrada décadas depois, ecoando muito além do salão de convenções em Cracóvia, onde foi pronunciada, por ter ido muito além do campo da astronomia ou mesmo da própria ciência.  Seu autor, Brandon Carter, um astrofísico e cosmólogo bem estabelecido na Universidade de Cambridge, amigo íntimo e antigo estudante de doutoramento e companheiro do posteriormente famoso Stephen Hawking.

Carter denominou sua noção de “Princípio Antrópico”, do grego anthropos, “homem”. O nome era um pouco desconcertante, e a definição de Carter sobre a ideia apresentou-se altamente técnica. Basicamente, o Princípio Antrópico traz à observação que um sem número de leis físicas foram orquestradas ordenadamente desde o início propriamente dito do universo até a criação do homem  - o universo que habitamos aparenta ser explicitamente planejado para o surgimento da vida e dos seres humanos.

Durante séculos, a exploração científica parecia levar-nos para baixo, precisamente na estrada oposta – em direção a um panorama mecanicista impessoal e aleatório sobre o Cosmos. Os intelectuais do século XX haviam falado com frequência sobre o “universo aleatório”. O ponto de vista predominante dos filósofos e intelectuais modernos dizia que a vida humana havia surgido, em essência, por acidente; um produto secundário de forças materiais revolvendo aleatoriamente durante éons. Esta conclusão, aparentemente seguia de maneira natural as duas grandes revoluções científicas da era moderna, a de Copérnico e a de Darwin.

O monge Nicolau Copérnico, com seu modelo heliocêntrico do sistema planetário, mostrou que a humanidade não era, de forma alguma, o centro do universo. “Antes da revolução de Copérnico, era natural admitir que os propósitos de Deus relacionavam-se especialmente com a Terra, mas, agora, esta se tornou uma hipótese não plausível”, escrevia o cientista ateu Bertrand Russel em seu clássico de 1935, “Religion and Science”.

Além do mais, Darwin havia demonstrado que as origens da vida e mesmo da espécie humana poderiam ser explicadas por mecanismos cegos. Na esteira de Copérnico e Darwin, não mais parecia plausível considerar o universo como criado, ou a humanidade como criatura de Deus. O homem deveria, em lugar disso, ser entendido como algum tipo de acidente infeliz ou assunto secundário dentro do universo material  - “um curioso acidente na água estagnada”. Foi essa cosmologia do universo aleatório que sustentou todas as modernas filosofias – desde o próprio positivismo de Russel até o existencialismo, marxismo e mesmo o freudianismo.

Mas, o inesperado aconteceu e, ironicamente, quando se comemorava o 500º aniversário de Copérnico, o inspirador de Galileu Galileu, o pai da moderna ciência.

Princípio Antrópico oferecia um tipo de explicação para um dos mistérios mais básicos da física – os valores das constantes fundamentais. Os físicos jamais puderam explicar por que os valores das assim denominadas constantes fundamentais – como, por exemplo, os valores da força gravitacional ou da força eletromagnética eram da maneira como eram. Eram apenas “constantes”; tinham de ser aceitas. Além do mais, existiam determinadas relações matemáticas misteriosas entre algumas dessas constantes. Por exemplo, as forças que uniam determinadas partículas aparentavam estar relacionadas matematicamente ao número da idade do universo. Por que essas forças deveriam estar relacionadas à idade do universo? No passado, físicos como Sir Arthur Eddington e Paul Dirac apresentaram teorias um tanto exóticas para explicar tais coincidências. Tomemos exemplos:

- A gravidade é cerca de 10 elevado à potência de 39 vezes mais fraca que a força eletromagnética. Se a gravidade fosse 10 elevado a 33 vezes mais fraca, as estrelas teriam um bilhão de vezes menos massa e queimariam um milhão de vezes mais rápido, quer dizer, o universo teria se esgotado no seu início.

- A energia nuclear fraca tem 10 elevado à potência de 28 a força da gravidade. Se a energia nuclear fraca fosse ligeiramente mais fraca, todo o hidrogênio do universo teria se transformado em hélio, impossibilitando a existência da molécula da água.

- Uma energia nuclear apenas 2% mais forte teria impedido a formação de prótons, produzindo um universo sem átomos. Decrescendo seu valor em 5%, teríamos um universo sem estrelas.
- Se a diferença em massa entre um próton e um nêutron não fosse exatamente o que é – cerca de duas vezes a massa de um elétron – todos os nêutrons se transformariam em prótons ou vice-versa. E diríamos adeus à química como a conhecemos, e á vida.

- A água é a única molécula que é mais leve no estado sólido (gelo) do que no líquido: o gelo flutua. Se isso não acontecesse, os oceanos, lagos e rios congelariam de baixo para cima no inverno e a Terra agora estaria coberta de gelo sólido. Por sua vez, esta propriedade pode ser atribuída às propriedades exclusivíssimas do átomo de hidrogênio.

- A síntese do carbono – a base química da vida, o núcleo vital de todas moléculas orgânicas – envolve aquilo que os cientistas denominam de uma estarrecedora coincidência na proporção da energia forte (strong force) para o eletromagnetismo. Esta proporção permite ao carbono 12 atingir um estado estimulado de exatidão da ordem de 7,65 Me V (milhões de eletron-volts) na temperatura típica do centro das estrelas, o que cria uma ressonância que envolve o Hélio 4, o Berilo 8 e o Carbono 12, possibilitando a ligação necessária que ocorre  durante uma janela diminuta de oportunidade que dura 10 elevado à potência de menos 17 segundos – é mesmo estarrecedor.

Mas, não é só isso, a lista prossegue e uma compilação abrangente dessas coincidências pode ser encontrada no livro “Universes” de John Leslie.

O físico Fred Hoyle, que cunhou ironicamente o famoso termo “big bang” para o início do universo captou bem o dilema; ele afirmou: “é muito mais fácil um furacão passar por cima de um ferro velho e montar um Boeing 707 do que o universo ter sido montado por mero acaso”.

(*) Princípio antrópico:

princípio antrópico divide-se em princípio antrópico forte e princípio antrópico fraco. O princípio antrópico forte afirma, em geral, que o Universo comportou-se de forma a adaptar-se ao Homem. O fraco diz que o Universo comportou-se de forma a surgir o homem, sem esse pleito pré-definido.

“A natureza é primorosamente ajustada para a possibilidade de vida no planeta Terra: se a força gravitacional fosse reduzida ou aumentada em 1%, o Universo não se formaria; por uma minúscula alteração na força eletromagnética, as moléculas orgânicas não se uniriam. Nas palavras do físico Freeman Dyson, parece que o ‘Universo sabia que estávamos chegando’. O Universo não se assemelha a um lance de dados aleatório. Parece pura e simplesmente proposital (Phillip Yancey, Rumores de Outro Mundo, Ed. Vida.)

Fontes: livros “Ciência e Fé em Harmonia” de Felipe Aquino e “Deus, a evidência” de Patrick Glynn.

Diálogo Inter-religioso

Católicos e muçulmanos marcam presença nas redes sociais.

Enquanto o Facebook se aproxima de seu primeiro bilhão de usuários, duas redes sociais surgem como alternativas religiosas: o site Salamworld, muçulmano, e a rede Aleteia, católica. Salamworld, o ‘Facebook islâmico’, deve ser lançado em novembro.
Salamworld, baseado na Turquia, já funciona em fase de testes, apenas para convidados, e será aberto ao público em novembro. De olho na ampla população jovem dos países islâmicos, os criadores querem atrair 150 milhões de usuários dentro de três anos.
“Estamos quebrando o estereótipo conservador ao desenvolver uma rede global e inovadora, que dá à juventude muçulmana uma plataforma para levar seus projetos adiante”, propagandeia Ahmed Azimov, 35, vice-presidente do site, em entrevista por e-mail à Folha.
Com escritórios também no Egito e na Rússia, a rede nascerá internacional: seu corpo diretor é composto por pessoas de 17 países diferentes, e o site tem versões em árabe, francês, inglês, malaio, persa, russo e turco.
Sobre os recentes conflitos no Oriente Médio, o executivo defende que o possível advento da rede não estimulará animosidades entre o mundo árabe e o Ocidente. Pelo contrário: “Seremos uma ponte entre os muçulmanos e a comunidade global que existe na web”. Para evitar que conteúdo com haram (infrações à lei islâmica) seja difundido na rede, o site conta com um time de moderadores, por quem todo o conteúdo suspeito deve passar antes de ser aprovado ou rejeitado.
Há um mecanismo que reconhece pornografia e outras formas de conteúdo profano. O que não é pego por esse filtro automático fica disponível imediatamente na rede. O resto tem de passar pela análise humana.
“Somos um ambiente seguro para a família muçulmana, livre de abuso infantil, álcool, extremismo e terrorismo”, dizAzimov. “Nas outras redes, ninguém garante que, em vez da figura do Mickey, seu filho verá algo sujo.”
Portal Católico
Lançada na última quinta-feira após um ano de testes, a rede Aleteia (”a verdade” em grego) tem como proposta agregar conteúdo que sane as principais dúvidas em relação à religião católica.
“A ideia é que todo o conteúdo parta de uma pergunta de um usuário”, diz o brasileiro Alexandre Ribeiro, 35, editor da versão lusófona do site, fundado na Itália e também disponível em árabe, espanhol, francês, inglês, italiano e português.
“Hoje, se você busca temas sobre a Igreja Católica no Google, encontra pouquíssimas referências. Queremos jogar lá para cima [da página de resultados] informações tratadas, confiáveis.”
No Brasil, os parceiros são a PUC (Pontifícia Universidade Católica), a rede Canção Nova e a Arquidiocese do Rio de Janeiro, entre outros -no mundo todo, são mais de mil.
Ribeiro, que não tem ligação formal com a Igreja, é um dos 37 funcionários da Aleteia. Segundo ele, o site deve ganhar, em breve, uma seção para debates entre usuários.

domingo, 26 de agosto de 2012

Essa moda precisa pegar...

Generosidade, passe adiante!

"O exemplo tem mais seguidores do que a razão. Inconscientemente, imitamos o que nos agrada e, sem perceber, aproximamo-nos daqueles que mais admiramos. Assim, um hábito generoso de pensamento e ação traz consigo uma influência incalculável."

Christian Nestell Bovee
escritor, advogado

 

E por falar em liberdade...

"Martin Luther King tinha o poder, a habilidade e a capacidade de transformar aqueles degraus no Lincoln Memorial em um púlpito moderno. Falando do jeito que fez, ele conseguiu educar, inspirar e informar [não apenas] as pessoas que ali estavam, mas também pessoas em todo os EUA e outras gerações que nem sequer haviam nascido."

 

"Suba o primeiro degrau com fé. 
Não é necessário que você veja toda a escada. 
Apenas dê o primeiro passo."
                                                                              Martin Luther King

 

Educar para a liberdade

A liberdade somente encontra sentido na verdade
A educação bem pode ser entendida como uma habilitação da liberdade, a fim de perceber o apelo do valioso – daquilo que enriquece e convida a crescer – e a enfrentar as suas exigências práticas. Isso se consegue com o propondo usos da liberdade, propondo tarefas plenas de sentido.

Cada idade da vida tem seus aspetos positivos. Um dos mais nobres, que tem a juventude, é a facilidade para confiar e responder positivamente à exigência amável. Num tempo relativamente curto, pode-se apreciar mudanças notáveis em jovens a quem se confiaram encargos que podiam assumir e que consideravam importantes: ajudar uma pessoa, colaborar com os pais em alguma função educativa...

Pelo contrário, essa nobreza manifesta-se, de forma pervertida e, frequentemente, violenta contra aqueles que se limitam a satisfazer os seus caprichos. À primeira vista, esta atitude é mais cômoda, mas, a longo prazo, os custos são muito mais gravosos e, sobretudo, não ajuda a amadurecer, pois não os prepara para a vida.

Quem se acostuma, desde pequeno, a pensar que tudo se resolve de forma automática, sem nenhum esforço ou abnegação, provavelmente não amadurecerá no tempo devido. E quando a vida magoar – coisa que inevitavelmente acontecerá – talvez não tenha conserto. O homem deve modelar o seu caráter, aprender a esperar os resultados de um esforço longo e continuado, a superar a escravidão do imediato.

Certamente, o ambiente hedonista e consumista que hoje respiram muitas famílias no chamado “primeiro mundo” – e também noutros muitos ambientes de países menos desenvolvidos – não facilita captar o valor da virtude ou a importância de atrasar uma satisfação para obter um bem maior.
Face a esta circunstância adversa, o senso comum evidencia a importância do esforço; por exemplo, nos nossos dias tem especial vigor a referência à cultura desportiva, na qual se nota que quem deseja ganhar uma medalha tem de estar disposto a sofrer treinos prolongados e árduos.

Em geral, a pessoa capaz de se orientar, livremente, para bens que “valem a pena” deve estar preparada para enfrentar tarefas de grande envergadura (aggredi) e para resistir com tenacidade no empenho quando chega o desalento e aparecem as dificuldades (sustinere). Estas duas dimensões da fortaleza fornecem a energia moral para não nos conformarmos com aquilo que já foi conseguido e continuar a crescer, chegar a ser mais. Hoje, é especialmente importante mostrar, com eloquência, que uma pessoa, que dispõe dessa energia moral, é mais livre do que quem não dispõe dela.

Todos estamos chamados a conseguir essa liberdade moral, que só se pode obter com o uso, moralmente bom, da liberdade de arbítrio. Constitui um desafio para os educadores, em particular para os pais, mostrar, de modo convincente, que o uso autenticamente humano da liberdade não consiste tanto em fazer o que nos apeteça, mas o bem, como costumava dizer São Josemaria.

É esse o caminho para se libertar do clima asfixiante de suspeita e de coação moral que impedem procurar, pacificamente, a verdade e o bem, aderir, cordialmente, a eles. Não há cegueira maior do que a de quem se deixa levar pelas paixões, pelas “vontades” (ou pela falta delas). Quem só pode aspirar ao que lhe apetece é menos livre do que aquele que pode procurar, não apenas na teoria, mas com obras, um bem árduo. Não há desgraça maior do que a de quem, ambicionando um bem, surpreende-se sem forças para o levar a cabo, porque a liberdade encontra todo o seu sentido quando se exercita no serviço da verdade que resgata, "quando se gasta em procurar o Amor infinito de Deus, que nos desata de todas as escravidões", afirma São Josemaria Escrivá em sua obra 'Amigos de Deus'.
 
J.M. Barrio
http://www.opusdei.org.br